quarta-feira, 23 de maio de 2012


A 3A IDADE ESTÁ COM TUDO E NÃO ESTÁ PROZA

Tenho percebido, aliás, com muita alegria, nas provas que participo, que a quantidade de pessoas da meia idade tem crescido consideravelmente. Acho bem bacana. Se pensarmos que antigamente as mulheres eram proibidas de participar, hoje vemos mulheres, jovens, idosos, tudo junto dividindo o mesmo asfalto. Acho isso sensacional, idependente de raça, credo....!

Meu pai, por exemplo, tem 67 anos. Aliás, foi por intermédio dele, há 17 anos atrás que comecei a correr. Obviamente seu desempenho atualmente não é o mesmo que antigamente, mas na boa, o veinho corre muito ainda viu. Vai lá, corre seus 10km pra 52 minutos. Espero eu que ao chegar nessa idade ainda consiga fazer esse tempo, que muitos meninões não conseguem.



Meu pai logo após a Meia Maratona da Praia Grande.


Fato é que esse crescimento dos idosos nas provas é bem importante e também fácil de explicar. A gente sabe, porque já não é mais novidade, que o índice de idosos vem aumentando a cada ano assim como a expectativa de vida dos brasileiros que já passa dos 71 anos. Embora seja verdade que muitos estejam chegando a essa idade com a saúde abalada e sem assistência médica adequada, boa parcela está dando a volta por cima trabalhando, continuando útil à sociedade e praticando atividade física.

Nas corridas rústicas esse fato é bem marcante na faixa etária acima dos 60 anos que recebe cada vez mais adeptos. E não é só isso. É a faixa etária que mais evolui os tempos na maioria das corridas mais importante do país tais como a própria São Silvestre. Dados colhidos na prova de 2006 deram conta que essa faixa etária diminuiu os tempos em três minutos para os homens e oito para as mulheres comparando com os tempos da mesma prova e percurso de 1998. As outras faixas etárias da maioria dos adultos, percentualmente evoluíram muito pouco assim como os próprios atletas de elite.

Outro fato que comprova o crescimento de idosos nas corridas é que não se admite mais corridas com faixas etárias terminando aos 60 anos. Ela tem que ser subdivida em mais quatro que vão dos 60 a 64, 65 a 69, 70 a 79 e acima dos 80 como aconteceu na São silvestre 2008 onde 13 saudáveis senhores terminaram a prova sendo que o primeiro com o tempo de 1h32min08s. Fala Sério! Eles podem ser chamados de velhos? Não são poucos nessas faixas etárias que já reclama não conseguir mais subir no pódio em primeiro lugar como acontecia há poucos anos. Agora têm que treinar mais se quiserem ganhar. Volto a falar do meu pai. Participou de várias corridas onde cnseguiu subir ao pódio. Hoje, fica até meio tristonho, porque com o tempo de treino diminuido, não consegue alcançar os tempos do pessoal de sua categoria (65-69), que pasmem chega a ser de 0:41:30! Mas nem eu, do alto dos meus 35 aninhos consigo essa proeza...rsrs

Entretanto, não se pode comemorar plenamente. Por conta desse crescimento de adeptos, as contusões e lesões também vêm aumentando, muito mais por falta de um treinamento adequado. O tempo cobra o seu preço nas alterações biológicas com o desgaste normal das articulações, queda da força física e diminuição da massa muscular. Se o corredor mais velho sair correndo aleatoriamente vai quebrar com mais facilidade que o jovem adulto.

É bem estabelecido que o avanço da idade induza a perda de massa muscular num processo conhecido por sarcopenia significando “perda de carne” (sarx = carne, penia = perda) cuja origem pode ser multifatorial sendo a idade uma delas. Em bom português, de forma geral os músculos vão "secando". Ou seja, perde-se massa muscular, sendo esse processo acelerado com o sedentarismo, vida irregular, estresse e etc. Além disso, a própria corrida pode ser um fator de aceleração de perda de massa muscular na terceira idade por conta do processo conhecido por catabolismo.

Além desses fatores sabe-se que corredores de longa distância também têm suas desordens musculares por conta da própria corrida. Boa parte fica meio corcunda e têm força desequilibrada em vários grupos musculares. Horas de treinamento leva o corredor assumir postura inadequada. Na linguagem popular é quando dizemos que “o corredor sentou”. As costas ficam curvadas, os braços arriados e os joelhos flexionados em angulação abaixo do normal.

Todas essas alterações acabam interferindo no sistema músculo esquelético e na coordenação levando o idoso a correr com uma passada mais curta e arrastada. Resultado. Num primeiro momento quando começa a correr, há um progresso muito rápido e o próprio entusiasmo é que pode levá-lo à regressão do treinamento e tempos obtidos inicialmente em determinadas corridas.

Claro, não significa que o corredor mais velho não possa continuar correndo. Os tempos que estão melhorando são dos mais disciplinados. Uma das soluções, é a prática da musculação conjugada com o treinamento da corrida.

Já falei sobre isso com meu pai. Ele até já fez musculação durante um bom tempo, mas, talvez, devido á pressa de colher resultado, acabou se machucando. Hoje ele faz academia nos aparelhos do p´redio e afirma sentir uma certa diferença, pois sente-se um pouco mais forte para correr.

Por falar em academia, é por lá que esse grupo etário  mais cresce e principalmente permanece por mais de seis meses, ou seja, os  idosos. Entre os jovens existe mais rotatividade por conta da característica de querer resultado rápido e, obviamente, não conseguem. Os mais velhos, com paciência ficam e se beneficiam dos resultados que aparecem mais devagar, mas aparecem. Quando comparados corredores de 60 anos mais velozes com os menos velozes, alguns estudos mostram que os benefícios são maiores nos mais velozes. Portanto, “sebo nas canelas” que a turma “sex”, “set”, e octogenária vem aí. Fazendo uma alusão ao cinema, eles são os “Idosos Velozes e Furiosos”. Corram mais ou saiam da frente deles! kkkkkkkkkkkkk.....

De qualquer forma, a idéia tanto para os idosos quanto para os jovens é sempre ter a corrida como bem estar, uma forma de se chegar mais longe e com mais saúde, independente dos resultados!

 

fonte: copacabana runners

 

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