terça-feira, 13 de julho de 2010

VENCER PERDENDO E PERDER GANHANDO
Verdade seja dita: quanto mais a gente diminui o nosso tempo nas corridas, mais a gente quer diminuir. È uma coisa nossa, de corredor....Talvez uma vontade de testar nosso imite, saber até aonde a gente consegue ir sem conversar com São Pedro...rs...

O problema é que com a vontade de diminuir o tempo vem também a fome por competições. E aí a gente finalmente é recompensado e sobe no pódio. È a glória...a maior recompensa por todos nossos esforços, nossas privações... o tão sonhado pódio.

Pronto, aí lascou de vez! Quando o bichinho do pódio te pica, você passa a se cobrar muito mais do que antes...e chega ficar bravo consigo mesmo achando sempre que poderia ter feito o melhor...muitas vezes, faz, outras não...Mas vai colocar na nossa cabeça de que correr não significa obrigatoriamente subir no pódio...é apenas uma consequência...

Na verdade é aí que mora o problema. Quando passamos a competir, parece que que apertamos um botão de start e pronto, levamos aquilo a ferro e fogo. Digo isso por mim. No início do ano passado quando comecei a baixar minhas marcas....de 55minutos pulei para 46, algo mudou na minha cabeça. E confesso, não mudou pra melhor não. Eu chegava na concentração sabendo quem era cada uma das minhas adversárias, nome, sobrenome, tempo nas provas anteriores e encarava cada uma delas como verdadeiras inimigas de guerra. Passava, não cumprimentava....um horror....aliás, quantos anos mesmo eu tinha pra fazer isso????? Chegava oa cúmulo de esconder meu numeral para que elas não vissem a qual categoria eu pertencia. Escondia o meu numerl, mas ficava feito louca procurando os possíveis numerais que seriam meus adversários....coisa d egente doida mesmo.

No início, até meu marido achava engraçado, mas depois começou a me dar alguns toques do tipo: “Meu, tu leva as coisas muito a sério, relaxa, desencana”. Mas não.. tudo aquilo entrava por um ouvido e saía pelo outro.

Até que, no final do ano, numa das últimas provas que fiz antes de me lesionar, encontrei uma das minhas maiores adversárias. Não sei o por quê, mas naquele dia, resolvi puxar papo com ela, perguntando se ela estava bem para correra prova. Então iniciou-se uma longa conversa. Ela me contava que estava sentindo dores fortes do ciático e de sua dificuldade em pagar as provas e eu lhe contava que estava lesionada e que aquela seria minha última prova.

No meio da prova, senti que ia quebrar e sabia que ela estava logo atrás de mim. Fiz sinal com as mãos para que ela passasse e tão logo ela o fez, eu lhe disse: “Vai, Josefa, vai que essa é tua...eu quebrei”. Em melhor situação, ela também não estava e apenas me respondeu: “Não, eu não estou legal, continua forte pega aquela menina de branco, pois ela é da nossa categoria”. Durante o percurso todo, uma foi emparelhada a outra, como se soubéssemos que ambas mereciam chegar juntas pois ambas sofriam...cada qual com suas dores, cada qual com suas dificuldades e cansaço. Quando faltavam 500 metros, ela disse: “Vai, vai que eu to atrás, ganha essa”. Realmente a venci por alguns segundos, mas fiz questão de a esperar no tapete e nos demos um grande abraço parabenizando-nos pela conquista dupla. Confesso que me emocionei muit e daquele dia em diante tudo mudou.

Foi nesse dia que aquele mesmo star que eu tinha de querer vencer todo custo se transformou em admiração pr aquelas que chegam na minha frente ou pelo menos guerreiam até o fim. Aliás, olha ela aí na foto debaixo....



Depois acabei fazendo amizade com mais algumas da minha categoria....fazendo exatamente a mesma coisa. Se por a caso a visse no canto, chegava junto, perguntava se estava tudo bem, pelo menos aquelas que pensam, como eu. Acho que muitas vezes a gente vence, mas perde algumas coisas. E em outras, a gente perde a prova, mas ganha tantas outras, como por exemplo amizade. De que adianta vencer a todo custo e ser vista como uma corredora imponente, antipática? A corrida não é um esporte de socialização? As pistas não são campos de batalha. A competição é sim muito saudável, mas dentro de seus limites. Até mesmo os corredores de elite tem amizades entre eles, por que nós, amadores, meros mortais temos que levar tudo a ferro e fogo?

Como eu disse, é bacana você subir no pódio, felizmente já fiz isso algumas vezes. Este ano foram 3, mas há coisa muito mais importante do que vencer... Medalhas, troféus, tudo fica aí, na estante juntando poeira, e algum dia, acaba sendo jogado no lixo sem nenhum reconhecimento de todo esforço, mas as coisas boas, as amizades que fazemos durante a corrida, essas sim não empoeiram....muito pelo contrário, se renovam a cada dia. Além disso, quanto mais gente você conhecer no meio, melhor, dá para trocar experiências como saber se aquele tênis é legal pra correr, que tipo de planilha ele seguiu pra melhorar o tempo, dá até pra marcar um treininho juntos...É só coisa boa, posso garantir.

2 comentários:

tutta disse...

Parabéns pelo texto Lucy.
Realmente a amizade entre nós corredores deve haver sempre.
Muitas vezes lia os seus posts falando (vamos dizer assim) de um jeito anormal com suas "adversárias" mas nunca comentei nada aqui.
Quem bom que hoje você vê de outra forma.
Porque, na minha opinião, nós não temos adversários de corridas, e sim, companheiros de atividades.
Parabéns e que Deus possa brindar você com muitas vitórias, pódios, amizades e em todos os sentidos.
Bosn treinos...


tutta
www.correndocorridas.blogspot.com

Mayumi disse...

Pois é, Luciane! É legal a gente melhorar os nossos tempos, mas não criar uma barreira com quem corre mais ou corre menos que a gente, né? No meu caso é mais fácil o pessoal se aproximar de mim, pois nunca vou subir ao pódio mesmo! Rsrsrs. Eu gosto do clima de festa das corridas e também bato bastante palma para os que estão recebendo prêmios enquanto a gente aidna está correndo! Kkkk. Bato palmas e corro! Rsrsrs.Bons treinos! Parabéns pelo esforço!