terça-feira, 9 de outubro de 2007



LUTO E FIASCO NA MARATONA DE CHICAGO...


O calor elevado e a humidade extrema transformaram neste domingo, 08.10.07, a edição de 2007 da maratona de Chicago numa página negra dos 30 anos de história desta prova, uma das mais emblemáticas maratonas a nível internacional. 315 atletas foram assistidos pelas equipas de emergência que acompanharam a corrida, com sintomas relacionados com o excesso de calor. Destes atletas, 146 tiveram de receber assistência hospitalar. Um polícia do Michigan, de 35 anos, morreu durante a prova, devido a problemas cardíacos. Na coletiva de imprensa da Maratona de Chicago, o médico responsável pela prova, Geroge Chiampas, revelou que Chad Schieber pode ter perdido sua pulsação ainda no percurso. De acordo com agências de notícias locais, ele faleceu depois de ser encaminhado para o hospital e a autopsia, com o motivo da morte, será divulgada ainda nessa segunda-feira (8).
Esta prova de Chicago faz parte do restrito grupo do circuito das maiores maratonas mundiais (World Marathon Majors), juntamente com Boston, Nova Iorque, Londres e Berlim. Para a edição deste ano inscreveram-se 35.867 atletas, muitos fora dos EUA. Apesar de a temperatura estar invulgarmente alta, a organização nunca pensou em cancelar a corrida, por acreditar que seria possível dar a assistência apropriada às pessoas em prova. “Em muitos casos, os atletas treinaram durante 25 semanas [para esta prova]. Os maratonistas são pessoas fortes. Treinam em condições difíceis”, argumentou Carey Pinkowski, director da corrida, ao Chicago Tribune.A organização da prova decidiu interromper a maratona quando a temperatura atingiu os 31 graus centígrados, com 86 por cento de humidade. Estavam decorridas três horas e meia de prova e cerca de quatro mil atletas já tinham cortado a meta. Foi então posto em prática um plano de contingência, semelhante ao usado em Abril na maratona de Roterdão (Holanda): a polícia ergueu uma barreira a meio do percurso, enviou para trás quem ainda não tinha chegado a esse ponto e aconselhou os restantes a prosseguirem a pé até à meta. Alguns rejeitaram as ordens, segundo contou à AFP Joe Roccasalva, porta-voz dos bombeiros de Chicago, responsáveis pela segurança da maratona: “Tentámos bloquear a corrida, mas os atletas atravessavam as barreiras saltando por cima das motos dos polícias. Simplesmente não queriam parar”. Mais de 24 mil atletas chegaram a fim do percurso, a correr ou a andar.Todos os que falaram à imprensa se queixaram das condições climatéricas e da própria organização. “Foi mal organizada”, afirmou Mike Katz, um atleta de 61 anos que já participou em 31 maratonas. “Eu não tive água até à oitava milha. A cidade estava fabulosa, mas a corrida foi horrível”, considerou outro participante. “Os pontos de fornecimento de água ficaram vazios. Por mais que eles pensassem que tinham tudo planeado, simplesmente não chegou”, comentou ainda outro participante, citado pelo Chicago Tribune.Os relatos indicam que as garrafas de água e Gatorade eram poucas para tantos atletas, em alguns postos não havia ninguém para servi-los e houve uma competição feroz entre participantes para conseguirem algo para beber, levando a que em muitos locais o fornecimento de líquidos esgotasse. Segundo mostra um vídeo publicado no site do Chicago Tribune, até as bocas-de-incêndio serviram para aliviar o calor.A organização defende-se: a distância entre locais de fornecimento era adequada e em cada sítio havia entre 50 a 70 mil garrafas de água e 37 mil de Gatorade, mas a situação complicou-se porque muitos participantes levavam dois ou três copos com líquidos de cada vez, tornando impossível ao pessoal de apoio satisfazer todos os pedidos em tempo útil.Larry Langford, porta-voz dos bombeiros, revelou que, das 146 pessoas assistidas em hospitais, cinco continuavam internadas, em situação séria ou crítica. Domínio africano A maratona de Chicago foi ganha pelo queniano Patrick Ivuti, em masculinos, e pela etíope Berhane Adere, na contagem feminina. Cada um levou para casa mais de 88 mil euros. Ivuti cumpriu o percurso em 2h11m11s e teve de lutar até à meta para bater o marroquino Jaouad Gharib. O queniano Daniel Njenga completou o pódio masculino, chegando com mais de minuto e meio de atraso em relação ao vencedor. Adere também teve de recorrer a um sprint final para conseguir alcançar a vitória, em 2h33m49s, ultrapassando a romena Adriana Pirtea, que comandou nos últimos quilómetros. A norte-americana Kate O’Neill conquistou o terceiro posto.

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