segunda-feira, 14 de dezembro de 2009


TINHA DE SER... E ASSIM FOI....

Lesionada, 3 dias sem treinar...o que esperar da última etapa? Um dia antes da prova, bebi muito líquido, afim de que eu ficasse levinha, afinal de contas, sabia a pedreira que eu iria enfrentar e correr pesada..aff...era uma cruz muito maior.


No dia da prova, saímos de casa às 07:30. A largada era às 09:00hs, pelo menos era o que essa doida achava...rs. Pontualmente às 08:20 chegamos à concentração. Chovia, fazia frio, ventava, os coqueiros ameaçavam dar cocadas em todo mundo o tempo todo e a areia da praia estava uma gracinha: com valetas gigantes. Meu marido começou com uma conversinha: "Duvido que eles façam o percur5so pela areia, não tem condições, vai ser tudo pelo asfalto". Conversa de corredor que não manja nada de corrida...rs...É claro que seria um obstáculo a mais correr na areia do jeito que tava, ainda mais sendo a última etapa do Circuito.

Eu estava sussegadinha. Não tinha posto chip, nem numeral de peito, nem arrumado minha roupa. Estava simplesmente na fila do banheiro., quando avisto meus amigos da equipe: "E aí, tá louca, faltam 3 minutos pra largada, não vai dar tempo de tu ir no banheiro não". Peraí, peraí, pára tudo. Como assim, 3 minutos? A largada estava marcada para às 08:30 e eu achando que era as 9, como em todas as outras etapas. Não teve jeito, fui correndo do jeito que dava, voei para o guarda-volumes, voloquei meu chip todo torto, não bebi meus 500ml de água, como de praxe, tomei meu café 30 minutos antes e não 1 hora antes como sempre faço, não fiz alonmgamento, não fiz aquecimento, não passei Biofenc...traduzindo: ME LASQUEI INTEIRA!


Não tinha outra saída. Era descer para a areia onde seria dada a largada e esperar os 2 minutos que faltavam. A multidão estava toda pronta, exceto...eu...



e então...o fuóóó foi ouvido. Eu agachada, a muvuca passando.. uma loucura...Levantei e fui...Olhei para o relógio, não tinha colocado no cronômetro. Era o que me faltava.

Estava tudo saindo errado. Além do pânico que eu estava só em saber que não tinha passado nada na minha lesão e imaginar a dor que eu sentiria, me abalou logo de cara. No entanto, como eu sempre digo: "Tá com medo, por que veio?" Não era hora de desistir e isso eu também não queria. Corri, corri, corri.





Na placa do k1, perguntei ao atleta do lado qual o tempo...marcava 04:24...Eu estava abaixo do que eu esperava, se levar em consideração o tempo que perdí amarrando o chip.




Pouco depois, o desafio começava pra valer. As valetas eram grandes e os tênis ficaram completamente pesados. Naquela altura correr 10k com a sensação de 15km me fazia acreditar que eu não estava num bom dia. Assim que saí da valeta, sentí uma fisgada. Não pensei em parar, mas em ver até onde aquilo ia me levar, ou não....

Mais à frente eu podia ver Josefa, uma menina da minha categoria. Pela 1a vez, entendia o sentido da corrida. Nem sempre vencer é o melhor de tudo. Naquela hora, o melhor seria superar o meu limite. E aqui não falo em limite de dor, mas sim do limite do meu psicológico. Eu estava apavorada pelo simples fato de achar que poderia sentir dor. E isso eu tinha que vencer quilômetro a quilômetro e confesso foi bem difícil.

Quando subí para o asfato, não sentia mais nenhuma fisgada, mas também não queria confiar demais nisso. Tentei ainda tirar uma diferença do que perdí na areia. Não via muitas meninas ao meu lado, nem à frente. Havia duas vertentes: Ou eu estava muito atrás, ou na frente. Para alguém que fez tudo errado desde a chegada á concentração, o ideal seria ficar com a segunda vertente...rs...lêdo engano....

Na passagem dos primeiros 5k, uma luz no final do túnel apareceu e não pensem que era um trem vindo em minha direção...rs...Olhei no cronômetro da organização: 22:24...Eu estava no meu tempo certo. Nem acima, nem abaixo...As mulheres iam parando, pois estavam em revezamento e apenas algumas que estavam a minha frente continuavam na faixa dos 10k. Eu podia brigar sim por alguma coisa...

Enquanto isso, meu marido se divertia...rs...Aliás, devo dizer, que para quem é totamente insdisciplinado nos treinos, tá tirando de letra até as valetas...rs.




Eu estava no meio da prova. Não podia abusar. E se eu quebrasse? e se eu sentisse dor? Quando descí novamente para a areia da praia, soube que pelo menos alguma coisa eu tinha feito certo..me polpado. Ao passar novamente por uma das valetas, tive que dar um empulso grande e então, o que eu temia aconteceu....



A sensação exata que eu tive, era que uma flecha havia entrado no periforme.Juro....E não era nem de longe a flecha do cupido. Na hora eu dei um grito: "Aiiiiiiiiii....pqp". Agora eu não ia desistir mesmo. Tinha chegado o momento de eu testar a teoria de que a dor é psicológica, a dor é controlada, todo corredor sabe conviver com a dor e toda essa ladainha que a gente L~e e ouve por aí e acaba adotando na vida, sem sequer passar por uma dor de dente. Eu estava diante da minha grande oportunidade. Não tinha mais Josefa, nem Elizabeth, nem Sandra...nem ninguém... agora erámos somente eu e a dor.

Faltavampelo menos 4km para acabar a prova. Eu precisava correr. E foi o que eu fiz. A chuva começou a cair forte e eu pedi para que ela levasse a minha dor embora. Cois alouca, pedi pra chuva levantar a dor embora, mas naquele momento, qualquer coisa que conseguisse tirar a flecha de mim, seria bem vinda...Eu conseguia verv as pessoas subindo para o asfalto. Nesse momento vi Tânia, uma atleta da SEMES de Cubatão. "É com ela que eu vou até o final". Subimos para o asfalto. Faltavam exatos 2,5km. Era o tudo ou nada. E pra mim, tudo seria cruzar a linha de chegada, mesmo que em último lugar. Emparelhamos. Pedi a ela que me ajudasse, que ficasse comigo. Ela estava nitidamente cansada e em certos momentos diminuía e ficava para trás. Nessa hora, eu gritava: "Vai Tânia, vai pra fazer o teu melhor tempo". Era o meu jeito d efazê-la ficar ali do meu lado. Se ficasse sozinha, não sei se teria forças. Em dado momento ela disse: "Não estou aguentando, vai você." "Nada disso, eu estou com dor, vem comigo". Ambas exaustas, mas firmes num único objetivo: chegar do jeito que dava. Eu queria que ela continuasse comigo, até porque sempre chegava na frente dela e ela poderia diminuir seu tempo também.

Quando vi a placa do k9, não aguentei e gritei: "Vamos Tânia, dá o teu melhor que eu vou atrás, p...." E lá se foi Tânia cruzando a linha de chegada. 5 segundos depois eu também faria isso....com o tempo de 0:46:40...um sorriso imenso no rosto, uma vontade imensa de chorar e uma única coisa a fazer: agarrar meu escapulário e agradecer Deus com todas as minhas forças. Eu tinha conseguido.



Era muit felicidade. Ao encontrar Manú, da equipe, ele veio e me perguntou esbaforido: "Aquele relógio tá certo?" E ao ouvir minha resposta afirmativa, seus olhos enxeram de lágrimas confirmando que havia quebrado seu recorde pessoal.

Meu marido, me procurando com olhinhos arregalados, me disse todo feliz: "Tu não acredita, fiz 50 minutos!"....


O dia tinha tudo pra dar errado e terminou tão feliz....Mas não era só isso....Muito embora o meu prêmio já tivesse sido dado antecipadamente, havia sido reservado pra mim algo mais....

Eu havia ficado na 9a colocação na geral e 2a na minha categoria....por 20 segundos de diferença. E sabe que eu não fiquei triste? Porque quem ficou em 1º lugar foi Josefa, uma garota que vem treinando muito desde a 2a etapa...sempre ficando em 2º lugar e agora ela conseguiu me vencer com todos os méritos do mundo...

Agora pouco importava esperar,....A chuva caia, fazia um vento do caramba. A foto abaixo não faz parte de nenhuma sequência da Bruxa de Blair...muito menos parte de qualquer estratégia para não ser reconhecida...rs....è que o frio tava do caramba....

E que venha a premiação....E em 2º lugar, quer queiram, quer não....com lesão, ou sem lesão, com o tempo de 46:40seg...LUCIANE CASANOVA DE ALMEIDA.....vulgo.... MUHA....



Olha a cara de besta.. e ador.... kd???? rs....E não parou só por aí. Lembram que eu havia dito que decidí correr esta etapa só para lutar pela 3a colocação na geral no final do Circuito? Pois é... Mesmo ficando em 9º lugar, alcancei os pontos que eu precisava, e tãntãntãntãn...Fiquei na 3a colocação na geral ao final do Circuito. É claro que isso me rendeu a perda do 1º lugar na categoria, já que quem vai pra geral, sai da categoria, mas e daí, sou a 3a melhor mulher do Cicuito 2009....aha..uhu...Com direito a receber placa e os caramba.. dá licença...


Ah garotaaaaaaaaaaaaaaaaaa.....Nem preciso dizer o quanto estou feliz...Nem por ter sido a 1a na categoria, nem por ter sido a 3a na geral, nem por ter chegado em 9º.. nada disso...minha alegria é pela superação...é disso que eu falo...superar-se sempre!

Com trofeú, com placa....com tudo que eu tinha direito de levar de lá...rs.....e levei.. ah, se levei.. levei até flechada no meio do caminho...rs....


É... mas acho que ainda não terminei o ano....aliás, tenho certeza disso. Quarta-feira vou ao médico e no domingo, terei a 1a edição d Corrida 9.8km da Rádio Rock. Eu estava na dúvida entre correr, ou não correr, até para me polpara para a São Silvestre...mas...resolví.. nem que seja pra brincar de correr atrás de troféu...vamo lá...com fé em Deus...e meus anjos da guarda que, coitadinhos.. trabalham 24 horas por dia por minha causa...eu dou trabalho...rs...

4 comentários:

luiz eduardo disse...

Que sufoco o inicio e que felicidade o final, li todo o texto com a curiosidade de saber como teria sido o final diante do exposto no inicio.
Foi uma prova de superação, agora vai ver o por que desta dor, da o devido descanso e volta a treinar devagarzinho, da proxima vez não pode ter dor. Valeu.

RuiRuim disse...

Belo relato! Parabens!

Marildo Nascimento disse...

Lu que relato! Eu na última hora desisti de ir e depois me arrependi... seria uma experiência muito divertido correr nessa chuva e vento.
Bem, mas agora, pela nossa amizade, cuida das contusões para no ano que vem vc estar 100%.
Um feliz natal e um ano novo repleto de alegrias. Um abração no pai e na mâe também.
Marildo Nascimento
www.4corredores.com.br

Anderson Consenzo disse...

Com dor e td foi lá e sapecou um "temporal" na prova. Parabéns! Um dia eu chego lá! :)

Abraço