quinta-feira, 30 de abril de 2009

CORRER X PIRAR...

Cada um começa correr por um motivo certo? Seja para emagrecer, seja para deixar a vida sedentária de lado, seja para impressionar aquela garota/garoto super atleta, seja por prazer. A verdade é que inúmeras são as histórias para contar. No entanto, o problema é quando a corrida se torna uma piração. Como assim piração? É bem verdade que muitos de nós ainda não atingiram esse patamar, e aqui cabe dizer, muitas vezes não compreendido pelas pessoas, que consideram essa piração "o fim da picada", "estupidez", "chatice"...e uma série de adjetivos que me fariam postar até amanhã.
Ainda estão confusos? Pois bem, vou me explicar melhor.
Na semana passada cheguei a postar sobre um dilema: Ir ou não ir a um show na véspera da corrida. Na última hora decidi colocar a corrida acima da diversão ( o que não é raro) e considero que foi a coisa certa, já que preferi dar o noem de responsabilidade a essa atitude sensata.
No entanto, achei interessante falar um poquinho sobre isso. Quem aqui nunca saiu quando a festa estava bombando porque no dia seguinte tinha um treino importante ou uma prova? Quem aqui nunca começou uma conversinha sobre corrida no meio de um monte de gente que nunca correu? E quem aqui nunca foi criticado por isso tudo? Ah, como eu sempre digo, atire o primeiro tênis aquele que nunca passou por isso.. e se não passou é porque ainda não pirou o que mais cedo ou mais tarde sempre acontece.
Eu mesma sou uma pirada assumidaça. Em véspera de prova, no máximo um teatro, um cinema, um passeio no shopping. Programas que me exigem muito, conversas até a madrugada com os amigos...nem pensar!
Mas até onde isso é saudável?



É claro que há uma diferença entre ser responsável com o esporte e ser totalmente sequelado. E aqui entende-se sequelado aquele que abdica de tuuuuuuuudo, amigos, família, diversão para dedicar-se inteiramente à prática do esporte achando que treinar, treinar treinar o fará virar um queniano. Não é assim, calma lá...

Óbviamente, como eu sempre digo, tudo na vida é merecimento e não há vitória sem treinamento, mas devemos lembrar que mesmo o descanso faz parte do treinamento não é mesmo?
Na minha casa houve um período em que minha mãe achava tudo isso uma grande besteira. Achava que correr e ficar falando de corrida era uma chatice sem fim. Muitas vezes, quando eu e meu pai comentávamos algo sobre corrida ela dizia: Credo, vcs só falam sobre isso! e já saía da sala.
Confesso que deve ser mesmo uma chatice para quem ouve. Vejo por mim. Não sou fã de futebol e ouvir horas a fio meu marido e os amigos dele falando sobre quem marcou quem não marcou, me irrita. Da mesma forma acontece com ele. Sei que ele não curte muito o esporte, mas mesmo assim, me acompanha, fala para os amigos quando eu ganho uma prova.
A corrida é mesmo viciante não dá para negar. Todavia há que se respeitar a vida. Há que s eviver as coisas boas que ela nos oferece, sem é claro, deixar de correr.
O problema do vício descompensado é também o overtraining. Desse mal eu também já sofri. Corri, corria, todos os dias da semana, e muitas vezes de amnhã e aà tarde. E não pensem que era distãncias pequenas não. Era pelo menos 10k pela manhã e uns 20 á noite ou vice-versa. Então passei a me sentir muito mal humorada. O trabalho já não rendia, pois não me recuperava direito paar o dia seguinte. Nos fins de semana, não saía, queria correr e à noite, já não tinah pique. Então, os joelhos começaram a doer, os amigos começaram aquestionar o meu mau humor (sou uma pessoa pra cima, bem humorada, engraçada) e o pisca-pisca amarelo indicava um overtrainning.
Um atleta que pratica corridas longas, sem um planejamento adequado, na maioria das vezes acaba por se tornar dependente das provas que participa e, conseqüentemente, um viciado em corrida.
O treinamento em excesso, mesmo num percurso em estado de equilíbrio (steady state), faz com que o corredor entre em um nível de euforia denominado popularmente como o "barato da corrida".
Esta situação é criada pelas endorfinas e encefalinas produzidas pelo próprio organismo, portanto endógenas. Elas atuam como neurotransmissores fabricados pelo nosso corpo, agindo como analgésicos, e reduzem a dor criando um estado de bem-estar e otimismo exacerbado junto ao sistema nervoso central.
Os sinais de exagero são perceptíveis pela forma física, aparência e estado emocional do atleta. Ele passa apresentar agressividade, excesso de dúvidas, interrogações, alta ansiedade, humor variado, oscilando freqüentemente entre a depressão e a euforia. Tudo isso pode acarretar um processo de stress e, conseqüentemente, levar ao overtraining.
A compulsão por treinar é tão negativa quanto o sedentarismo e deve ser refreada. A mídia, por meio dos processos de marketing, induz de uma forma incorreta a prática da atividade física e a utilização de todos os elementos que a compõe (isotônicos, alimentos, complementos vitamínicos, etc). Muitos praticantes são mal orientados, tornando-se obcecados pela forma física tida como ideal, querendo ser musculosos, quando às vezes são majérrimos, procurando uma beleza externa aparente segundo os parâmetros e modelos valorizados pela sociedade de consumo.



Num certo período de tempo, a auto-estima do viciado em corrida torna-se evidente. Entretanto, existe uma sutil desproporção entre manter-se saudável e ter uma aparência elegante. O objetivo primordial deve ser sempre a qualidade de vida. Devemos estabelecer uma diferença entre o atleta de alta performance, que no afã de produzir um resultado significativo exagera no vício de correr, acobertado pelas endorfinas e encefalinas, colocando a saúde em segundo plano, e o corredor que busca qualidade nos exercícios que pratica. Vale lembrar que tudo deve ser controlado por psicólogos, médicos esportivos e fundamentalmente por um professor de Educação Física.


Eu sei que é muito blá blá blá e que a p´ratica é tão copmplicada pra gente! É tão difícil ver a corrida como um simples esporte (ela não é um simples esporte...rs....). No entanto o que temos que lembrar e mais uma vez tenho que dizer, é que há vida ao nosso redor. Temos que treinar sim, temos que saber tudo sobre esse maravilghoso mundo da corrida, temos que sair por aí falando sobre alguma coisa que lemos sobre o assunto como se fossemos os descobridores da coisa, temos que nos gabar de tantos quilômetros rodados...temos que abandonar festas badaladas se quisermso e assim acharmos legal, mas respeitando os padrões de saúde. Descansar também é legal...tomar um chopinho...tudo bem, voltar para casa num sábado`antes das 23hrs não deve ser a coisa mais natural do mundo por exemplo para pessoas de 17 anos, mas dali há alguns anos entenderão esse vício apaixonante que nos consome diariamente.....

2 comentários:

Anônimo disse...

O filósofo grego Aristóteles, que viveu entre 384 e 322 antes de Cristo, dizia, em "A Ética", que a virtude está no meio.Vale destacar aqui que a virtude, na época dos gregos, não é idêntica ao conceito atual, muito influenciado pelo cristianismo. Virtude era no sentido da excelência de cada ação, de fazer bem feito, na justa medida, cada pequeno ato. Dois mil anos depois, cara Luciane, vc. nos leva a pensar sobre a questão e temos que concordar com o grego. Amamos correr, mas precisamos saber correr. Nem muito, nem pouco. Mas o bem feito, na justa medida. Que não nos falte preparo para corrermos bem uma prova mas que não tenhamos fratura por 'stress' no tornozelo por treinarmos demais...Seria, diriam os zen-budistas, nossa busca por uma corrida perfeita.Gosto dos seus textos. Bj. (O que corre por prazer).

Mayumi disse...

Nossa, que postagem compriiiiiida! Rsrsrs. Judiou do meu olho, coitao! Rsrs. Mas, agora falando sério, precisamos nos peivar de algumas coisas quando o objetivo é correr bem. E uma das coisas é controlar o tempo e administrar as prioridades, não é mesmo? Admiro-te por cuidar de um bebê, trabalhar e ainda arranjar tempo para treinar!
Bons treinos! Eu voltarei em breve, se Deus quiser! E segundo o Jorge Maratonista, Ele quer!