ESCRAVOS DO RELÓGIO
Em 13 de maio de 1888, a Lei Áurea libertava os escravos. Era o fim da escravidão, certo? Nada...Em que pese todo o esforço da sinhazinha, continuamos sim escravos...Tudo bem, de uma forma menos radical (?????...será?????), mas ainda assim escravos...De fato, houve uma evolução, não levamos chibatadas (????...depende do técnico...rs....), mas como tudo na vida vem acompanhado de prós e contras, acabamos reféns da tecnologia e portanto de uma forma ou de outra escravos do tempo, ou seja do relógio, do GPS, do frequencímetro, do cronômetro...aff....
É bem verdade que para acompanharmos nossa evolução nos treinos, para gritarmos quando baixamos 1 milésimo de segundo naquela volta final, para nos extasiarmos com o apertar do cronômetro no fim daquela ladeira, é preciso mesmo o relógio e afins...Mas que tal esquecermos um pouco essa parafernalha toda e treinarmos pelo prazer?
Não que carregar o talzinho nos treinos nos impeça de sentir o prazer da corrida, mas vamos combinar que aquele treino em que você trota, só vendo o movimento dos pés no chão, com fôlego pra dar um oi sonoro pro cara que vem correndo do outro lado da rua e não um levantamento de sobrancelha exausto e quase morto, passadas leves, coração pulsando em melodia e não em ritmo de escola de samba, tem lá suas vantagens.
O que quero dizer é que não dá pra gente viver competindo. Não dá pra gente voltar pra casa todo dia revoltado porque fez aquele treino mais devagar do que o habitual. Não dá pra ficar mau humorado porque simplesmente o relógio não marcou aquele tiro que você tinha certeza, era o melhor de todos. Nosso maior adversário somos nós mesmos, mas deixamos com que o relógio assumisse o papel de maior adversário na corrida. Se ele diz que fizemos 1 minuto a mais é o suficiente para que acreditemos que não fomos bons naquele dia.
Lêdo engano. Somos bons todos os dias. Enfrentamos chuva, vento, calor, neve ], preguiça, dor de cabeça e tantas outras coisas, só pra correr. Além disso, depois de tudo, ainda trabalhamos, nos aborrecemos durante o dia, nos divertimos também, claro, mas vivemos num caos tão grande que seria no mínimo injusto dizer que não somos bons.
Eu mesma ficava irada quando esquecia o relógio em casa. dava vontade de voltar pra casa imediatamente e deixar o treino pra lá. Hoje, eu me permito fazer algusn treinos sem o relógio, justamente pela dependência que ele estava me causando. Tudo era tempo, enquanto o bacana mesmo era aproveitar cada segundo da corrida esquecendo justamente ... o tempo.
Já vi técnicos gritando no meio de uma prova com o atleta feito um bode simplesmente porque o tempo estava alto...Competir é bom demais, mas no limite do corpo, da mente....ilimitado no tempo só o Bolt...(por enquanto e até onde ele aguentar a pressão)
Façam isso de vez enquando, se permitam esquecer o relógio, a distãncia percorrida....deixem que o corpo mostre o limite, mostre o quanto ele quer correr, a velocidade que ele quer chegar sem que para isso esse trecozinho chamado relógio nos faça de escravos!!!!!
4 comentários:
Ok Lú, esse Post foi feito para mim? Sim, porque eu adorei ele! Não é novidade que eu corro por puro prazer e para esquecer meus processos...Claro que sempre buscamos uma performance aqui, outra ali, mas estou nessa vida de corredor, como dizem, 'por esporte'!! Adorei o Post, vamos dizer não ao Relógio! Não ao frequencímetro! Sim aos doces! Sim aos refirgerantes a base de cola! Sim, sim e SIMMMMM.
Beijos
Felipe de Souto
Ei Luciane,
Tudo bem?
Às vezes o correr por correr realmente é maravilhoso não? Eu não esqueço nunca o meu GPS mas consigo lidar com ele como se não estivesse ali. Simplesmente aperto o start quando começo e aperto novamente quando paro. Desligo todos os seus sons, nem lembro que está no meu pulso. E muitas vezes fico dias sem transferir os dados para o computador, só analisando a corrida que fiz depois.
Claro que pra isso precisei também treinar a minha mente. Fico prestando atenção na paisagem, nas pessoas que passam, no ritmo do meu coração junto com a passada... me liberto completamente. No inicio parece complicado, mas depois fica bem fácil.
Entretanto, há dias que precisamos de um pouco de controle e saber o que está acontecendo de forma exata para não perdemos o foco.
Agora, técnico ficar gritando com atleta só se esse for profissa da coisa. Esses recebem para fazer o melhor e precisam fazer o melhor. A gente não. A gente procura fazer o melhor para nós mesmos.
Abraços
Leo Binda
www.correndonailha.blogspot.com
www.twitter.com/leobinda
Olá Luciane,
Ótimo post, realmente é uma relação de escravidão com o relógio o dia todo, até para dormir!
Vou experimentar deixar o cronômetro em casa, vamos ver se consigo me desligar um pouco...
Bons treinos!
Claudio Rinaldo
http://numerodepeito.blogspot.com/
Show de post!!! Eu particularmente marco meu treinos diários no Garmin, mas muitas vzs corro quilometros sem o mesmo, apenas o shorts e o tênis... Muito legal !!! rs Bons treinos
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