quinta-feira, 4 de março de 2010

LEVANTA, SACODE A POEIRA E DÁ A VOLTA POR CIMA...

Correr a gente sabe que é bom, nem precisamos discutir, mas correr sentindo alguma coisa desagradável é que são elas. Quando acontece no meio de um treino já é chato, mas e quando acontece durante a prova? Nesses meus 17 anos de corrida, já passei e vi tanta coisa...enjôo, vômito, dor de barriga, cãimbra, estiramento, tontura, desidratação, bolinhas pretas (rs)....a lista é grande minha gente...e nem ousem pensar que é por falta d epreparo como alguns acham não...muitas vezes é muito normal devido ao esforço que estamos realizando.

O fato é que não precisa se desesperar ou achar que a prova acabou. Nada disso. Tem jeito pra tudo...(quase tudo)...


DOR DE BARRIGA



A dor de barriga é algo mais temível entre os atletas, pois quando isso ocorre, gera desprazer, cai o rendimento, o batimento cardíaco sobe de forma acelerada pelo esforço em segurar, sudorese aumenta, e ainda parece que a dor de barriga aumenta ainda mais , quando se sabe que não há banheiro nas proximidades. E como evitar? Na verdade é algo inevitável , não temos como prever e a circunstância que ocorre. Há vários fatores como, algo ingerido que fez mal, nervosismo , ansiedade etc.

Eu mesma sofro com isso. No entanto a minha dor de barriga é antes da prova, graças a Deus...mas é de lei...dia de prova.. pelo menos 3 vezes antes da largada lá estou eu na fila dos cheirosinhos banheiros químicos...rs...É pura ansiedade. Mas e quando der no meio da prova, tem que desistir? Nada disso...






Isso aconteceu mesmo....Devido a uma alimentação com sabe se lá o que antes da partida, metade do time de futebol caiu no chão de dor...Até hoje não se sabe se foi dor mesmo ou estratégia, já que o time estaria perdendo...rs...




Se durante a corrida vier a ter dor de barriga, um conselho: vá ao banheiro mais próximo, se não tiver peça para algum morador de uma casa mais próxima, ou bar, posto de gasolina, etc e se estiver em local deserto, parta em disparada para o primeiro matagal, Pois o tempo que você irá perder com essa parada , com certeza será menor do que você diminuir seu ritmo de prova, pois conforme vai aumentando essa dor, seu ritmo vai caindo muito e aí sim, você corre o risco de nem consegui concluir a prova.

Na Meia Maratona da Praia Grande do ano passado, estávamos correndo eu, o Régis, do blog Amo Correr e o seu amigo Fubá. De repente, cadê o Fubá? Sumiu. Isso na altura do km 13 para o 14. Só o reencontramos no final e aí sim ele nos revelou o mistério do sumiço (eu tinha certeza que quem o raptou foi o dono do parque de diversões..mas....rs....)...uma dor de barriga forte fez com que ele tivesse que parar na hora...se enfiou num mato e lá permaneceu até resolver o problema. Certíssimo.. terminou a prova em menos de 2 horas mesmo assim e sem nenhum trauma....


O importante é tomar algumas medidas úteis como: alimentar-se de forma correta e nada de ingerir algo que não esteja acostumado; diminuir seu grau de stress e ansiedade, procurando evitar pensar muito na prova, procure distrair- se com uma boa leitura. No dia da prova, antes de ir para a corrida , vá ao banheiro.


ENJÔO






O que acontece é que durante a corrida todo o seu sangue migra para a musculatura, e o seu estômago fica com pouco sangue para digerir o que você ingere. Muitas pessoas que praticam a corrida em alta intensidade sentem náuseas durante e após a corrida.

Em algumas ocasiões já senti enjôo sim, todavia, imediatamente diminuí um pouco o ritmo da corrida e tudo fico resolvido. Enjoar também não deixa sde ser um sinal que o corpo nos emite querendo dizer que estamos nos esforçando acima do nosso limite.

Portanto, sentindo enjoo durante a prova, diminua um pouco o ritmo da corrida para ver se melhora e caso continue, procurare um médico para ver se existe alguma outra alteração que esteja causando este mal estar.

VÔMITO




Ainda com o Hugo ao lado...essa cena foi trash demais...mas ainda assim, me rendeu a 3a colocação na geral...kkkkkkkkkkkkkkk



Como eu disse no começo do post, muitas das coisas que passamos durante a corrida, não quer dizer que estamos fora de forma.

Há algum tempo atrás, quando postei dizendo que meu pai vomita quando cruza a linha de chegada, criuou-se uma enorme polêmica. Foi questionado o preparo do meu pai, a minha irresponsabilidade ao tentar fazê-lo aumentar o ritmo durante a prova...uma loucura...

Aqui, mais uma vez devo dizer que passei por tal episódio depois da corrida 3 vezes na vida: a 1a, num dos meus primeiros pódios, lá em 2006, quando faltando uns 300 metros para o final da prova, quis porque quis ultrapassar duas gurias que estavam na minha frente que nem eram da minha categoria. As duas gurias apertaram, eu também..cheguei na frente, mas tossindo muito e com muita ânsia de vômito...dái..chama o Hugo....rs... Na 2a vez foi logo após a minha gravidez. Foi a primeira prova que participei depois de 1 ano afastada. Mesmo terminando em 55 minutos, também tossi muito e ...chama o Hugo..... A 3a, por fim, foi recentemente em Riviera e a pior de todas, onde após ter cruzado a linha de chegada e ficar rodando pelo menos uns 2 minutos no local, tive que sair correndo porque não deu pra segurar mesmo...Chama o Hugo...

No entanto o que percebí foi que em nenhuma das vezes em que ocorreu essa situação eu consumi qualquer coisa durante a prova. Fiz o que faço há anos...1 hora ates, como um sanduíche de requeijão e um iogurte...nada diferente.


Todavia, porém, entretanto, algo em comum havia nas 3 situações: sol e pouco consumo de água...Seria este o motivo?


Então, achei uma explicação dada pelo médico do esporte, Dr. Páblius Staduto Braga, do Hospital 9 de Julho o qual indagado por uma maratonista sobre o mesmo problema (vomitar após a corrida), ele respondeu: "Nos esforços intensos de longa duração, a glicose, fonte principal de energia nesta modalidade, começa a diminuir à medida que o tempo de esforço passa. Esgotam-se, também, as reservas que estão nos músculos e fígado, denominadas glicogênio. Com o esgotamento desta fonte, os hormônios do corpo como adrenalina, cortisol e insulina, tentam manter a glicose para suprir sua necessidade. A fadiga torna-se mais intensa e alguns sistemas corporais passam a não funcionar bem. Como o sistema digestivo limitando a boa absorção de nutrientes. Lembre-se que o foco principal é o músculo. Para que você consiga repor a glicose, a água, o sódio e o potássio, os suplementos devem ter concentrações adequadas dos nutrientes, senão ocorre má absorção e mal-estar. Os suplementos de glicose não devem ultrapassar a concentração de 8%, mas algumas experiências com maratonistas recomendam concentração de glicose de 6%. Considere também estes fatores: como foi sua noite de sono na véspera da prova, se a alimentação foi adequada, se as condições climáticas para a prova eram boas, se sua semana de trabalho e treinos foi intensa ou extenuante, por exemplo".


Ah, agora sim....acho que começo a me convencer....Vomitar, ao contrário do que muitos leigos acreditam, não significa estar em condição física ruim, não significa estar desidratado, não significa estar além do limite...pelo menos não significa só isso....Muitos outros fatores englobam o fato de vomitar após a prova. Não dava para acreditar que um atleta como Valmir Nunes ou Sirlene Pinho pudessem estar despreparados ou cometessem o erro de estar desidratados...


As condições climáticas também influem.. e muito...No meu caso, as 3 vezes em que vomitei, apesar do esforço físico ser grande, estava muito sol...Já com meu pai, a semana tinha sido de muitos treinos.

Mas e daí... vomitei no meio da prova, o que fazer? Já vi isso aocntecer do meu lado com uma corredora conhecida. E digo mais na mesma prova ela parou umas 3 vezes...Parava, vomitava e seguia...claro num ritmo menor, mas seguia. Tá com ãnsia...pára, anda alguns metros...se ver que a coisa tá feia mesmo... coloca o dedo na garganta, joga pra fora e segue, se estiver tudo bem. Muitas vezes, liberando a coisa, (ou coisas, sei lá) tudo fica bem e dá pra copncluir a prova. É claro se que se mesmo depois de liberar, ainda estiver se sentindo mal, pare...não tem porque continuar sacrificando a saúde...vamos combinar....


TONTURA






Vixe...aconteceu comigo hoje mesmo, mas não durante a corrida e sim depois. Claaro que fiz alguma coisa errada e claaaaaaaro que sei o que foi....Logo após parar a corrida, mal desqueci o corpo e já fui fazer meu alongamento. Fui uma parada muito abrupta já que o treino foi de velocidade. Parei, alonguei e tonturei...rs....Mas respirei fundo, caminhei alguns metrso e pronto tudo parou de se mexer...rs...

Muitas pessoas já tiveram essa sensação que, às vezes, pode levar até a um desmaio, principalmente após a ingestão de açúcar, ocasionando, nesse caso, uma hipoglicemia (baixa quantidade de açúcar no sangue).


Então, vocês perguntarão: como alguém pode sofrer uma crise de hipoglicemia após a ingestão de açúcar? Não deveria ser exatamente o contrário?


O nosso organismo é tão sábio que, quando se ingere um açúcar comum ou mesmo glicose, ocorre um rápido aumento de glicemia no sangue e, com isso, provoca um aumento da secreção de insulina pelo pâncreas. Essa insulina faz baixar rapidamente a taxa de glicemia, provocando uma hipoglicemia, ocasionando as tonturas. Essa tontura é momentânea, vindo a desaparecer rapidamente durante a corrida, até equilibrar as taxas de glicemia no sangue.


Outro caso de hipoglicemia é quando pessoas fazem exercícios em jejum e começam a sentir tontura, vista turva e suor frio. Isso porque ela tem a falsa idéia de que, se não tomar um café da manhã reforçado, conseguirá emagrecer com mais facilidade. Engano, não se alimentando, não permite que seu organismo queime a gordura. Assim, ele vai buscar outras fontes de energia para poder funcionar.


A glicose é a principal fonte de energia para o corpo humano. Na verdade, para o nosso cérebro e tecido nervoso, o açúcar é a única fonte de energia. Portanto, a quantidade de açúcar no sangue deve ser mantida dentro de determinados níveis para assegurar o suprimento de energia. O nível de açúcar no sangue é normalmente regulado por um hormônio, a insulina, que é produzido em certa células do pâncreas, chamadas células beta.
A saída para essa situação incômoda seria a ingestão de frutose ou maltodextrina, que são açúcares que entram lentamente na corrente sangüínea e fazem com que a glicemia não ultrapasse 30% — o que não é suficiente para aumentar a secreção de insulina e, com isso, não provocará as tonturas.



BOLINHAS PRETAS OU BRANCAS OU COLORIDAS...(rs....)





Eu brinco, mas só eu sei o que sentí nos 25km Interpraias. Com um sol de 40ºC e administrando a minha hidratação de forma incorreta, só podia dar nisso. Na altura do km 17, comecei a ver bolinhas pretas na frente, tudo parecia rodar. A impressão era que eu estava voltando num flash back...Horrível.

O que tive que fazer? Respiei fundo, peguei a squeeze de um casal de amigos meus que corria um pouco atrás, mas me alcançaram quando viram que eu parei, andei pelo menos uns 200 metros, e corri os últimos 8k em ritmo de tartaruga...foi o que deu pra fazer...aliás, deu pra fazer pior...perder o 5º lugar.

Quando terminei a prova, intrigada, pois nunca tinha sentido algo assim, marquei uma consulta com meu médico...mal terminei de contar em que circunstãncias aconteceram e ele já deu o diagnóstico: DESIDRATAÇÂO.

A desidratação é uma ameaça em potencial para todos os atletas e entusiastas da atividade física, principalmente para aqueles que não estão aclimatados para realizar atividades extenuantes em ambientes quentes. Sempre que líquidos forem perdidos através do suor mais rapidamente do que são repostos, a pessoa estará num processo de desidratação.

A hipohidratação modifica muitas variáveis fisiológicas durante o exercício e tem um impacto progressivamente negativo no desempenho ao exercício, mesmo em níveis tão baixos como 1%, 2% ou 3% do peso corporal.Quando o exercício é realizado em ambientes muito quentes com sudorese profunda, os riscos são ainda maiores.

A desidratação resultante da falta de reposição adequada de líquidos durante o exercício pode causar o comprometimento da dissipação do calor, o que pode elevar a temperatura corporal basal e aumentar o esforço do sistema cardiovascular. Além disso, a hipohidratação prejudica a função de regulação térmica aumentando-se o risco de exaustão e choque térmico. O choque térmico é uma condição séria com risco de vida e por isto deve ser tratada imediatamente por equipe médica, cujo principal objetivo será diminuir a temperatura central.

Outras complicações associadas com a hipohidratação e altas temperaturas corporais são as câimbras musculares e complicações da função renal.Um nível adequado de hidratação só é mantido em pessoas fisicamente ativas se beberem líquidos suficientes antes, durante e após a atividade física. A habilidade de balancear as perdas com o consumo de líquidos é limitado pela frequência da ingestão de líquidos, pelo esvaziamneto gástrico e pela absorção intestinal. Sob condições de calor e umidade, as taxas de suor podem facilmente exceder estes limites.

O que fazer? - Uma hidratação adequada antes da atividade física é essencial para preservar todas as funções fisiológicas. A ingestão de 250 a 600 ml de líquidos pelo menos duas horas antes do exercício irá ajudar a assegurar o início do exercício com um grau de hidratação apropriada.Durante a atividade física, o objetivo da ingestão de líquidos deve ser de balancear os líquidos perdidos através do suor ou, quando as taxas de suor são muito altas, repor o quanto de líquido for possível. Isto é alcançado bebendo pequenos volumes (125 a 500ml de líquido) regularmente a cada 15 minutos.

A quantidade e frequência necessárias devem ser ajustadas de acordo com as taxas de suor individual e a tolerância a ingestão de líquidos. A perda de líquido durante uma sessão de exercício pode ser estimada pesando a pessoa seca e nua antes e após o exercício: aproximadamente 100ml de suor são perdidos para cada 100g de peso perdido.A restauração da água e o equilíbrio eletrolítico são essenciais para o processo de recuperação após o exercício que resulta em perdas pelo suor.

Para uma reidratação efetiva, as bebidas e comidas devem repor os eletrólitos perdidos no suor assim como o volume perdido. Isto significa que a ingestão de sódio deve ser moderadamente alta (talvez 50-60mmol Na+ por litro) e deve também conter algum potássio. Para equilibrar esta necessidade com a palatabilidade da bebida, algum sódio deve ser ingerido na forma de comida.


CÃIMBRA





Acreditem ou não...nunca na minha vida sentí isso. Nem sei o que é, nem sei se dói tanto como dizem...só sei que a cãimbra nunca fez parte da minha vida...Louco né?


Agora quem teve, diz que coisa de louco...As cãibras são uma das causas mais comuns de dor entre os corredores, e são especialmente associadas às corridas de longa distância, como maratonas e ultramaratonas. Dificilmente alguém nunca passou pela experiência, olha aí.. a exceção....a cãibra é uma contração muscular súbita, involuntária e dolorosa de um grupo muscular..simples né??? rs...

Tá.. agora tu tá correndo...de repente.. poinnnnnnnnn.. cãimbra...(não necessariamente com esse som), o que fazer? Acabou por aí a corrida? Volta pra casa, sem medalha finisher...rs....Não, não e não....

Na hora em que uma cãibra ocorre, o grupo muscular afetado deve ser alongado de imediato, para reduzir a duração da dor e para evitar novas cãibras. Quando a dor é na região da panturrilha, a melhor maneira de alongar é subir um degrau ou uma guia e soltar o peso em cima do calcanhar, esticando o joelho e alongando os músculos do tendão de Aquiles.

Quando a dor é na região da frente da coxa, apoiar o braço em algum poste ou parede, ficar em cima da perna que não dói e segurar o peito do pé da coxa contraída, tentando juntar o calcanhar na região glútea e jogando o corpo para trás. Agora, se cãibra for acompanhada de tonturas, mal-estar e vertigens ou desmaio, o atleta deve interromper imediatamente o exercício e procurar atendimento médico urgente.

É bom lembrar que muito mais importante que indistir em correr com tontura, dor d ebarriga, enjoo, ou qualquer coisa anormal, é a sua saúde. Muito mais importante do que uma medalha é o corpo estar bem. E antes que me apedrejem dizendo que eu estou dizendo para as pessoas continuarem a correr mesmo se sentindo mal eu digo que não é nada disso. Há situações em que voc~e consegue resolver, mas há outras em que devemos respeitar o corpo, ele mais do que ninguém sabe a hora certa de parar...

2 comentários:

Leo Binda disse...

Luciane,

Ótimo post sobre os problemas que os corredores enfrentam e como lidar com os mesmos durante as provas!

Apesar de pouco tempo correndo (quase dois anos) já passei por algumas situações dessas! Acho que só não vomitei, o resto já tive tudo, rs.

Só para completar na parte que você fala da tontura. Além da hipoglicemia de rebote que acontece, pode também acontecer da frequência cardíaca e/ou da pressão arterial sofrerem quedas abruptas quando paramos de repente. Isso acontece por incrível que pareça, mais em pessoas treinadas do que nas não treinadas. É uma resposta fisiológica, que acaba por levar ao desmaio. Como a FC e PA caem, ocorre uma diminuição do fornecimento sanguineo para o nosso cérebro, que afim de se proteger, nos desliga (o famoso desmaio!).

Espero ter ajudado.

Abraços,

Leo Binda
www.correndonailha.blogspot.com
www.twitter.com/leobinda

Felipe de Souto disse...

Caramba Lú, 3 vezes antes da largada? Já sei, pura estratégia para ficar mais leve e subir no pódio, confessa!! Bom, eu sou o maior cagador do mundo, deveria ir para o livro dos recordes...visito o WC 3 vezes por dia..mas nas duas provas de que participei não encontrei esses problemas...
A foto de você vomitando foi a melhor de todas!
Beijos e bom fim de semana.

Felipe de Souto