sexta-feira, 28 de maio de 2010

ANSIEDADE DE CORREDOR....




Tantas costumam ser suas manifestações que identificá-la apenas pelos sintomas muitas vezes provoca discussões acaloradas. Na boa, eu acho que todo corredor já passou por isso em alguma prova. Acho que faz parte, principalmente se aquela prova é o objetivo a ser alcançado por meses e meses de treino. Estou falando da ansiedade, aliás, post bem propício para quem vai correr no domingo como eu....rs...


A ansiedade é aquele sentimento de angústia (quase) incontrolável que faz você ir antecipando tudo, a ponto de chegar à largada de uma corrida sem ter dormido direito e com horas de antecedência. Pior: você faz isso mesmo sabendo que as chances de haver um atraso e ficar torrando no sol e sem banheiro são enormes. Nas provas de pista os resultados de uma dose maior de ansiedade podem ser ainda mais dramáticos: queimar duas largadas consecutivas e ser desclassificado.


Acho que grande parte dos seguidores do meu blog sabem o que sinto no dia anterior à prova: Nada...rs...absolutamente nada. Agora e no dia da prova? Aí, o bicho pega. Quando é uma provinha qualquer, que eu estou decidida ir a passeio, normal, mas quando é prova que eu quero baixar tempo ou preciso pontuar (como a de domingo...rs) ...vixe...Começo o dia indo 3 vezes ao banheiro fazer o número 2 (sim, podem me chamar de cagona que eu nem ligo, aliás, nem tenho como defender...rs... ). Verifico a mochila umas 700 vezes e sempre acabo esquecendo alguma coisa. Quando eu chego na concentração e descubro o que eu esqueci, pronto.. já é o bastante para achar que aquele não é meu dia e que a prova vai ser um lixo. Chego na concentração muuuuuuuito cedo, mesmo que só esteja lá os organizadores montando a chegada...rs...Fico inquieta, balançando as penras sem parar....enfim.. é um verdadeiro horror.

O pior é que na teoria eu poderia discorrer sobre o assunto como se fosse PHD, mas na prática....é mais forte do que eu. É bem verdade que tem gente muito pior... que não dorme na noite anterior....que não consegue comer, que fica de mau humor...uma loucura...

No meio esportivo ou fora dele, cada vez mais a ansiedade tem se configurado como um dos grandes problemas da atualidade, chegando inclusive alguns estudiosos ao ponto de classificar a era moderna como a "Idade da Ansiedade". Juntos, estresse, consumismo desenfreado, desemprego, competitividade e vários outros fatores sociais produzem esse quadro que prejudica e muito a qualidade de vida das pessoas.

Academicamente, diz-se que a simples participação do indivíduo na sociedade contemporânea já preenche, por si só, um requisito suficiente para o surgimento da ansiedade. Infelizmente é a pura verdade. Sob o ponto de vista da biologia, estudiosos afirmam que a ansiedade sempre esteve presente na vida dos homens.


A novidade parece ser o fato de que só agora se passou a dar atenção para quantidade, tipos e efeitos dessa situação, tanto sobre o organismo como sobre o psiquismo humano.
Apenas para ter uma idéia: nos Estados Unidos, onde as pesquisas são habituais e abrangentes, 1 a cada 8 pessoas entre 18 e 54 anos sofre algum tipo de desordem de ansiedade. São mais de 20 milhões de pacientes diagnosticados em ambulatórios, número maior que o de casos de depressão. No Brasil ainda não se tem notícia de estatística confiável a tal respeito.

Ansiedade não é medo. A ansiedade é uma característica biológica do ser humano. Marcada por sensações físicas desagradáveis - vazio ou frio no estômago, aumento da freqüência cardíaca, nervosismo, aperto no peito, dor de cabeça, desarranjos intestinais, insônia, irritação, tremores e sudorese são as mais comuns -, antecede momentos de medo, perigo ou tensão pelos quais o indivíduo imagina irá passar.

É a ansiedade que prepara o indivíduo para lidar com momentos potencialmente danosos, como punições, privações, sofrimento ou qualquer outro risco pessoal, tanto físico como moral. Nesse sentido, age para impedir que tais prejuízos se concretizem, ou, pelo menos, atua para diminuir-lhes as conseqüências.

Trocando em miúdos: ansiedade é uma reação natural e necessária do ser humano visando sua própria preservação. Como a febre, não é um estado normal, mas sim uma reação normal. Em princípio, estar ansioso não representa nenhum problema para a pessoa. "Na dose certa, a ansiedade é natural e até benéfica. Ao aumentar o estado de alerta, funciona como um estimulante. Ruim é o descontrole, são os excessos. Ruim é quando, ao invés de ficar ansiosa por um determinado momento, a pessoa passa a viver ansiosamente o dia, a semana, o mês inteiro. ESTAR ansioso é normal; SER ansioso, não", afirma a psicóloga


Maria Helena Rodriguez . Maria Helena fala com a experiência de quem atua na área esportiva há 21 anos, 2 deles dedicados ao atletismo, inclusive às corridas. Segundo ela, os quadros de ansiedade causam preocupação quando as sensações de instabilidade e insegurança passam a ser classificadas em nossa mente como algo desagradável e do qual é preciso se livrar o mais rápido possível.

Nos tempos atuais, as tensões oriundas dos estados de ansiedade provocam nos indivíduos os mais variados tipos de comportamento. Enquanto no passado o ser humano manifestava sua ansiedade de maneira semelhante à de um medo dirigido a determinada situação específica (urso invadindo a cabana, por exemplo), hoje a maioria dos estímulos geradores desta emoção são inespecíficos e, por vezes, impalpáveis.

De um lado, manifestações físicas tão incomodas como mal-estar geral, palpitações, enjôo, sudorese e desarranjo gastrintestinal. Do outro, o estado de alerta: a dilatação das pupilas tornando mais claros os obstáculos a serem enfrentados; a aceleração do coração, fazendo mais sangue circular por músculos e cérebro; a dilatação dos brônquios, melhorando a oxigenação do organismo; e o enrijecimento do tônus muscular, proporcionando movimentos mais rápidos e reações mais precisas e imediatas. Para corredores e outros desportistas, observada por este prisma, a ansiedade pode ser vista como algo desejável.

Formada em Educação Física e em Psicologia pelas Universidades Federal e Estadual do Rio de Janeiro (UFRJ e UERJ), Sonia Ricette é especializada em psicologia desportiva. Com 15 anos dedicados ao atletismo, para ela "as manifestações de ansiedade têm diferentes motivos. Embora tanto a maturidade esportiva como o domínio das técnicas de corrida possam favorecer a administração de seus níveis, as alterações podem significar que o atleta não está adequadamente ativado, o que significa que seu desempenho tenderá a ficar aquém das reais possibilidades".

No dia-a-dia, seja em casa, no trabalho, no lazer ou no esporte, mesmo sem ter plena consciência disso, o ser humano experimenta um sem-número de pequenos conflitos. São as tensões entre ir e não ir, fazer e não fazer, querer e não poder, dever e não querer, poder e não dever, que surgem e favorecem o aparecimento dos quadros de ansiedade. "Nos atletas em geral e nos corredores em particular, o resultado final vai depender da utilização dos mecanismos de enfrentamento que cada um possui e resolve consciente ou inconscientemente aplicar", garante Sonia.

Nas corridas, esses estímulos podem ter sua caracterização máxima traduzida tanto pelo desejo do corredor estabelecer um recorde para a distância, como na vontade de subir ao pódio, baixar seu próprio tempo ou, também muito comum nas provas de rua, na ânsia de derrotar um desconhecido qualquer, que nunca foi visto antes e que muito provavelmente nunca será visto depois. "Não cabe discutir a qualidade dos objetivos. Competir ou apenas participar depende de cada um. O que se afirma hoje é que, sim, existe uma relação direta entre desempenho e nível de ativação fisiológica. A compreensão da ansiedade está neste contexto", diz Sonia.

Sinceramente eu sempre me lasco por conta dessa minha ansiedade. Um exemplo bem atual. No última dia 16 onde eu esperava fazer um tempo de 0:47:30 e acabei fazendo um minuto a mais. Isso se deu, não por falta d e preparo físico, mas por pura ansiedade. Eu quis logo na saída definir as coisas e acabei pisando no acelerador sem nenhum motivo. Conclusão, acabei quebrando pouco depois do km 6. Foi pura ansiedade. Sabe o que é pior? Toda prova é a mesma coisa. Eu saio consciente de que eu tenho que ter paciência e avançar na hora certa, para não desperdiçar energia a toa... e quando vejo lá estou eu me crucificando no meio da prova por ter feito a coisa errada.

Nível de ansiedade X modalidade esportiva. Há um outro aspecto importante na relação entre nível de ansiedade e desempenho esportivo. Diz respeito à complexidade do exercício. Estudos mostram que exercícios mais complexos são melhor realizados com níveis baixos de ansiedade, ao passo que os menos complexos exigem níveis mais elevados. Como as modalidades esportivas variam em complexidade, é natural que requeiram distintos graus de ansiedade.

No caso das corridas, modalidade que não exige precisão, mas sim velocidade e resistência muscular, comprovou-se que níveis de estado de ansiedade altos são mais efetivos. Adicionalmente, sabe-se que cada modalidade esportiva apresenta características particulares em relação tanto à demanda física como à duração da prova.

Em competições mais longas, maratonas por exemplo, não basta ao corredor apenas largar com níveis ideais para que atinja o desempenho ótimo. É preciso saber administrá-los nas diversas situações importantes que aparecem durante o percurso. Ele deve desenvolver habilidades para identificar os momentos específicos em que a ansiedade aumenta e utilizar técnicas de controle para trazer seu estado de ansiedade para o nível ideal e assim manter seu desempenho.

Ansiedade induzida, cuidado dobrado. Ela pode surgir repentina ou gradualmente... Pode durar de poucos segundos a muitos anos... Pode ter intensidade variando entre o levíssimo e o gravíssimo... Se sozinha ansiedade já é assunto sério, imagina quando associada a outros fatores. Doenças e drogas, por exemplo.

O distúrbio da ansiedade induzida decorre de problemas médicos ou então do uso de drogas, sejam elas lícitas ou ilícitas. Entre as doenças que podem causar ansiedade estão: infecções cerebrais, doenças do labirinto, distúrbios cardiovasculares (insuficiência cardíaca, arritmias), distúrbios endócrinos (hiper-atividade das glândulas tireóide ou supra-renal) e distúrbios respiratórios (asma, doença obstrutiva crônica do pulmão).
Álcool, cafeína e várias drogas medicamentosas, isoladas ou quando associadas umas às outras, também podem provocar efeitos semelhantes. Outra forma da ansiedade induzida surgir é quando se interrompe de forma inadequada o uso de determinados medicamentos.

Antes de procurar um médico, praticamente todas as pessoas que sofrem ou sofreram com a ansiedade tentaram algo para aliviar seus sintomas. De providências banais (mudar a cor da roupa) até submeter-se a terapias alternativas (medicações naturais, florais ou afins), experimentam de tudo. Na maioria das vezes uma melhora passageira acaba provocando mais confusão.


Após alguns meses, geralmente se cansam e decidem procurar um especialista. Nem sempre foi, é ou será tarde para isso.

Sinceramente...eu leio, releio, trileio coisas sobre a ansiedade e até tento controlá-la...mas...na boa....vou morrer com ela.....De toda forma...quem lê este post quem sabe consegue melhorar alguma coisa quanto a isso...Boa sorte!

Fonte: Revista contra-relógio



3 comentários:

E disse...

ainda bem que sua ansiedade ataca só no dia da prova! a minha coceirinha no juízo começa assim que me inscrevo! rsrsrs

Kleber RG disse...

Opa! Eis aqui um expert em ficar ansioso no dia da prova... Toda vez é a mesma história: a partir do momento em que me dirijo ao local da corrida, já começo a sentir ânsias (mesmo)! Minha esposa até se impressiona. Meus olhos enchem de lágrimas, não consigo falar uma só palavra e a boca se inunda de saliva. É muito curioso, Luciane, parece que eu “preciso sentir” a vontade de colocar tudo para fora e cuspir várias vezes antes de começar a corrida... Mas, depois que é dada a largada, me segura! hehe

Abraço,
Kleber RG.

Bons Km disse...

Boa prova no domingo
Boa sorte...
Vai dar tudo certo...
Bjinhos
JU