sexta-feira, 18 de abril de 2008

SÃO PAULO RECUPERA PASSADO NA ROTA DE GRANDES PROVAS

São Paulo volta em grande estilo ao circuito dos meetings internacionais de atletismo. No próximo dia 4 de maio, o Estádio Ícaro de Castro Melo, no Ibirapuera, recebe o primeiro dos cinco Grandes Prêmios programados para o país durante o mês.
O Vice-líder mundial nos 400m com barreiras, Johnson só disputará sua prova principal no GP de Belém, que fecha a programação internacional no Brasil, a partir do dia 25 de maio. Entre os torneios em Minas e Pará serão disputados os meetings no Rio, dia 18; e em Fortaleza, dia 21.
Para o presidente da Federação Paulista de Atletismo (FPA), José Antonio Martins Fernandes, ou Toninho como é chamado, o fim da espera foi possível pelo desejo de São Paulo recuperar sua antiga posição. Apesar de organizar eventos do porte do Troféu Brasil e do Campeonato Sul-americano, este no ano passado, desde 1996 a cidade não é sede de um GP.
Temos o aval do Governo do Estado de São Paulo, através da Secretaria de Esportes, e da Prefeitura de São Paulo para agendarmos competições de porte para a cidade”, explica. “Apresentei o projeto e eles acharam que era hora de São Paulo retomar esta história antiga”. A BM&F e o grupo Rede de Energia vão ajudar a pagar as premiações.
Os GPs fazem parte do IAAF World Tour, principal circuito da modalidade e São Paulo foi sede de eventos do calendário durante 100 anos, de 1895 a 1995. Nos últimos anos, o evento era promovido pelo empresário Vitor Mazzoni.
Com a impossibilidade de mantê-lo, a Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) assumiu o meeting. De 96 a 2001, a sede foi o Rio de Janeiro. Desde então, ele acontece em Belém, onde tem o apoio direto do Governo estadual.
São Paulo teve a chance de voltar ao circuito graças à expansão de eventos promovida pela CBAt. “Quando assumi tínhamos apenas um, passamos a dois, três, quando já me perguntavam (a equipe de apoio) se estava tentando matá-los. Hoje, chegamos a cinco”, comemora o presidente da Confederação, Roberto Gesta de Melo.
Autorizados pela Associação Internacional das Federações de Atletismo (IAAF), os eventos são classificados de acordo com sua dotação orçamentária. A etapa paulista terá orçamento de R$ 700 mil, incluindo premiações e despesas de hospedagem dos atletas. “Este ano ainda é um meeting regional, não é um de área. Estamos fazendo um GP menor, mas é internacional e São Paulo volta a fazer parte do circuito mundial”, destaca Toninho.
Este ano? Isto significa que São Paulo ambiciona reassumir o principal evento do calendário? O dirigente desconversa.
São Paulo é o Estado com as melhores condições para que se realize um evento deste porte. Claro que temos intenção, mas depende de uma série de questões, principalmente a financeira, e do interesse do Governo. Estamos pleiteando e na medida que formos sentindo a necessidade ou que houver oportunidade, a gente entra com o requerimento. Mas isto não tem previsão. Depende de apoio e da aprovação das Federações Brasileira e Internacional porque um GP de Área equivale a um GP de Fórmula 1, guardadas as devidas proporções. São feitos apenas 18 no mundo hoje”.
Sem rivalidade e com mais pistas - Apesar da satisfação pelo retorno do meeting, o presidente da Federação Paulista descarta que a iniciativa seja uma tentativa de fazer frente à perda de espaço de São Paulo com o crescimento do Rio de Janeiro como núcleo das principais competições esportivas no país. “Acho que São Paulo nunca perdeu para o Rio, que sempre esteve à frente em eventos esportivos e internacionais por uma série de questões. Uma delas o fato de a maioria das Confederações ficar lá”, minimiza. “São Paulo tem o próprio caminho: a grande maioria das seleções brasileiras está sediada aqui por causa dos Jogos Abertos e Regionais e é o Estado que mais tem difundido o esporte no interior e na capital”.
Considerando intacta a força natural como celeiro competitivo, o dirigente lamenta apenas a defasagem em relação aos equipamentos esportivos. “São Paulo deixa a desejar na questão de equipamentos. Não temos uma estrutura que possa trazer eventos de nível realmente grande. O Rio está um passo adiante por causa dos Jogos Pan-americanos. Hoje São Paulo não tem um ginásio a altura de um evento internacional. Tem o Ibirapuera, mas é um ginásio antigo que reconhecidamente precisa de melhorias urgentes”.
Nem o atletismo escapa muito desta sina. A pista do Ibirapuera reina absoluta e praticamente isolada. “Só temos esta pista para treinar, competir e fazer eventos. Nenhuma cidade do mundo, do porte de São Paulo, tem uma quantidade tão insignificante assim”, reclama Toninho.
Uma outra foi construída na Praia Grande para os Jogos Abertos do ano passado. Piracicaba também está construindo uma, enquanto o Grupo Rede prepara outra, em Bragança, com recursos particulares. Todas com nível internacional.
Mas hoje temos apenas uma, o que é uma dificuldade em ano olímpico para treinamento dos atletas, competições e eventos internacionais”. A boa notícia é que há sinais de vontade política para reverter a situação. “Estão tendo boa vontade com o atletismo e acredito que no ano que vem já estejamos melhor”.
O Centro Olímpico de Treinamento e Pesquisa também deve ganhar uma pista nível 1 em breve. “Já foi feita licitação e estão em fase final para começarem as obras. A partir do momento que tivermos o Centro Olímpico, da Prefeitura, e o Ibirapuera, do Estado, você passa a ter referência forte no atletismo de duas pistas”, completa.

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