domingo, 27 de abril de 2008


SOU NORMAL OU COMPULSIVO POR CORRIDAS?


Ok, que atire o primeiro tênis aquele que acha que não exagera um pouquinho na corrida. Quem nunca dormiu mal porque trabalhou até tarde e não conseguiu dar um trotinho nem que seja a té a padaria para comprar pão...Aquele que nunca disse a frase: "Cara, é estranho, quando não corro sinto que está faltando alguma coisa, sei lá" ou ainda aquela frase exibicionista no meio de um bate papo: "Não consigo ficar um dia sem correr!". Na pior das hipóteses aquela outra frasezinha: "Meus amigos dizem que sou maluco!". Frases desse tipo são, de certa forma, comuns entre corredores especialmente fundistas acostumados com uma quilometragem semanal de 80 a 120 quilômetros caracterizando a compulsão pela corrida.

Não resta dúvida nenhuma que fazer exercício físico, seja ele qual for, é benéfico à saúde. Porém, o excesso pode acarretar diversos problemas tanto físicos como psíquicos. No caso da corrida, uma atividade altamente motivadora e viciante pela quantidade de endorfinas que libera no corpo, vários estudos vem sendo feito a partir de Baekeland (1970).

Quando eu tinha uns 17 anos, ainda estava no colegial e então tinha a tarde toda livre. Nessa época, acredito que eu poderia ter sido uma vítima da compulsão pelo esporte. Na verdade eu corria, mas também incluía na minha rotina diária natação e karatê. Eu almoçava por volta do meio dia. Contava no relógio os minutos para chegar às 14:00, horário que pontualmente eu estava na praia. Na época, eu morava em São vicente, na Frei Gaspar há 2 quadras da praia do Gonzaguinha. E todos os dias batia cartão. 14:00 estava lá. Corria aproximadamente 1 hora e meia, voltava para a casa, e ia para o clube Tumiarú. Fazia natação por 1:45 sem parar.. eu fazia parte da equipe...meio contrariada, mas ainda assim fazia. Saía da aula 17:45 e já entrava na aula de karatê que começava às 18:15. Isso diariamente. Foi a época que eu mais magra fiquei em toda a minha vida. Depois disso, entrei no cursinho e como eu entrava às 13:00 e saía às 19:00hs, ~tive que deixar d evez todos os esportes. Passei dos 45kg para 51kg.. uma loucura. Quando não passei no vestibular na primiera vez em que prestei, comecei a estudar em casa e novamente tinha horários disponíveis para voltar ás atividades. Dessa vez voltei só para as corridas. No entanto não tão viciada. Entrei para a faculdade, comecei a fazer estágio e dessa vez a coisa ficou pior. Com medo de voltar a engordar, acordava às 07:00 da manhã, corria, ia pra faculdade, para o estágio e quando eu voltava lá pelas 18:00, corria novamente. Era loucura, mas se eu não fizesse isso, não dormia direito. Minha mãe e meu pai viviam reclamando do excesso. Mais tarde optei por um período só e entrei na musculação também...Corria na praia, voltava e ia para a musculação. Fiquei assim os 5 anos de faculdade. Depois abri meu escritório e com o cansaço excessivo, corria num dia e ia para a musculação no outro e alternava os dias de musculação com spining.

Até antes de eu ficar grávida era assim. Na gravidez ainda participei de 2 corridas e uma caminhada até os 6 meses. Mas não foi fácil. Dou graças a Deus por não ter desenvolvido nenhuma dependência mais séria em relação à corrida. Talvz tenha sido bom essa gravidez. Mas agora vou voltar e tenho certeza não serei muito doida...rs...pelo menos vou tenar não ser.

Com a Era Cooper dos anos 70 e o surgimento de várias maratonas no Rio de Janeiro e no Brasil, muitas pessoas descobriram o prazer e o que significa o grande "barato da corrida". Estudos posteriores tentaram qualificar os limites entre o bom e o mau. Ou seja, a partir de quando a corrida passa a fazer mal para o corpo e ou a cabeça. Glasser (1976) classificou como (Positive Addiction) "dependência positiva" os fatores ligados aos benefícios físicos e psicológicos especialmente a alta-estima gerada pela corrida. Já, Morgan (1979) fez uso do termo Negative Addiction considerando os transtornos psíquicos que afetam a vida de quem corre em excesso.

A dependência da corrida é similar a qualquer outro desvio psíquico ligados a corpo, tais como a anorexia nervosa, a vigorexia e a compulsão pela comida. Baekeland ao conduzir o seu trabalho, tentando identificar as alterações do sono quando um corredor tenha de suspender as atividades, constatou que alguns se recusaram a participar da pesquisa mesmo sendo-lhes oferecido dinheiro. "Parar de correr?" Por dinheiro nenhum!

Os corredores compulsivos têm algumas características comuns tais como:

1) Se recusam a fazer qualquer outra atividade complementar ou substituir quando estão contundidos.
2) Priorizam a corrida sobre qualquer compromisso cotidiano. Primeiro a corrida!
3) Toleram e suportam mais as dores musculares e por isso mesmo treinam mesmo sem condições.
4) Quando por motivo de força maior são obrigados a parar de correr, mesmo por poucos dias, demonstram irritação, depressão, ansiedade e etc.
5) Experimentam um alívio imediato ao retornar à rotina de treinamento.
6) Apesar do problema, têm consciência de que são viciados.
7) Querem correr sempre forte não respeitando o repouso passivo ou ativo.
8) "Batem de frente" com familiares não adeptos à corrida especialmente aqueles que costumam questionar ou acusá-los de "doido".
9) Só pensam "naquilo"... na corrida!
10) Alguns fazem até dietas para se manterem magros, sempre achando que qualquer grama extra na balança pode prejudicar a performance.
11) colocam sempre a culpa no tempo, chuva, muito calor, vento contra e etc. para justificar esporádicas performances ruins. Da mesma forma os percursos com muita ladeira, paralelepípedo, muito buraco na pista e etc.

Gente, eu fiquei passada!!!!!! Desses 11 ítens me enquadrei em 7!!!!! rs....É melhor assumir então?? Será que sou compulsiva???? Agora me preocupei.....rs....


Das pessoas que praticam exercícios físicos com freqüência e regularidade, 50% podem desenvolver algum tipo de dependência, conclui a pesquisa


Na década de 80, estudiosos americanos demonstraram que, após as corridas, alguns maratonistas sentiam euforia intensa, que os induzia a correr com mais intensidade e freqüência. O fenômeno foi batizado de runner's high. Em bom português, o barato da corrida. No estudo brasileiro, os pesquisadores submeteram 66 voluntários a testes de esforço físico máximo, com monitoria de equipamentos, e a várias análises bioquímicas. Eles responderam também a questionários que procuravam detectar seu estado mental antes e depois dos exercícios. Ao final das baterias, a metade dos que revelaram ter o hábito de praticar exercícios apresentou sintomas de compulsão

Essas conclusões foram relatadas num interessante trabalho com maratonistas brasileiros e publicado na Revista Brasileira de Medicina Esportiva Vol. 9, n° 1 - Jan/Fev. 2003, baseado num trabalho de Hailey e Bailey (1982). Os corredores mais sujeitos a esses problemas e a dependência, têm uma rotina de treinamento mais de quatro vezes por semana, de uma a duas horas por sessão e correm há mais de quatro anos. Os resultados não foram diferentes quando comparados homens e mulheres na questão da dependência embora, na prática, estatisticamente elas se machuquem menos e toleram melhor a abstinência. Elas, segundo Masters Lambert (1989) citado no estudo, sofrem uma pressão social muito maior de reprovação, ainda resultado da sociedade machista que vivemos. Ah, gente na boa, nós corredores realmente somos viciados em corrida, não tem jeito, mas depois dessas pesquisas, é melhor tomar um pouco de cuidado né?

Certo mesmo é que a corrida é tão espetacular que serve de base para qualquer outra modalidade esportiva quando se deseja desenvolver resistência. Como qualquer outra atividade, não é completa por si só mas deve ser praticada com bom senso.

Um comentário:

CORREDOR " X " disse...

hehehe...você também é mais uma pecadora da " Gula " !
Quando experimentar o tênis faça seus comentários, o Jorge me disse que é bom, mas é legal mais uma opiniâo. O legal dessa marca é que você pode personalizar