sábado, 10 de janeiro de 2009

ABSTINÊNCIA...


Sempre fui uma menina (mulher)...rs...certinha, tipo careta mesmo...Não bebo, não fumo, não me drogo...Sou daquelas que atingirão fácil, fácil os 90 anos com rostinho de 89. Mas vício é sempre vício, seja ele qual for. No meu caso, a corrida é um vício! E hoje, após 9 dias sem dar uma corridinha (ah, aquela corridinha de 4 quadras para recuperar a minha pastinha preta e as demais corridinhas para atravessar a rua, são café com leite), confesso que estou com abstinência. Chega a ser desesperador! Olho para o relógio toda hora, abro a geladeira, fecho a geladeira, olho para o relógio de novo, mexo na coxa para ver se dói e o pior de tudo, estou me sentindo a própria "garota enxaqueca", já que a minha irritabilidade está no auge!

Sempre fui assim...basta ficar sem correr, para o sono não vir, ficar rolando d elá pra cá na cama.. uma loucura. O engraçado, é que não sou a única louca com abstinência na corrida, muito pelo contrário, com todo mundo que converso a história é a mesma: " Pw, quando eu tive uma lesão e fiquei alguns meses sem correr, quase fiquei louco, fiquei em total abstinência" Coisa doida né???

Mas vocês sabem que esse assunto tem gerado muita discussão??? Embora todo mundo saiba, e inclusive os médicos prescrevam a prática regular de corrida por inúmeros benefícios nos últimos anos deu-se grande atenção ao fato de que a prática excessiva de corrida, bem como outros esportes poderia ser ou desencadear um comportamento compulsivo. Já de ante mão lhes garanto: Sou compulsiva assumidíssima e atire o primeiro par de tênis quem disser que não é!!!!

Assim, só para constar, vocês sabem quando surgiu essa coisa de estudo sobre a compulsão por corridas? Então, um tal de Baekeland ao estudar o padrão de sono em praticantes de corrida e outros exercícios, após um período de abstinência, constatou que alguns indivíduos se recusavam a suspender seus programas de exercícios, mesmo quando lhes era oferecido dinheiro para participação no estudo. Após esse relato, inúmeros termos foram aplicados para descrever tal fenômeno...que carinhosamente chamo de "psicopata por corrida". Eu sou uma psicopata...rs...
Segundo especilistas, os sintomas para compulsão são:

1) correr uma ou mais vezes ao dia, todos os dias. Agora não, mas eu cheguei a correr às 08:00 d amanhã, ia para o trabalho, e ás 19:00 corri novamente...rs...

2) deixar de fazer qualquer coisa, e priorizar a corrida. Na verdade eu sinto prazer em correr, e portanto, eu deixo fácil de fazer outra coisa para correr. È uma questão de escolha, vamos combinar!!!

3) aumento na tolerância à quantidade e freqüência dos exercícios com o decorrer dos anos. Também não é assim vai... Não é que a gente aumente a tolerância, é que as outras coisas vão ficando tão chatas e a corrida não... ela continua lá...atraente, com o mesmo pdoer de nos convencer a correr quilômetros e quil}ometros faça chuva ou faça sol...

4) sintomas de abstinência relacionados a transtornos de humor (irritabilidade, depressão, ansiedade, etc.), quando interrompida a prática de exercícios... Normal ué...que que tem???

5) consciência subjetiva da compulsão pela prática de exercícios...A minha consciência é objetiva mesmo. Eu assumo, já disse...sou compulsiva mesmo.

6) o indivíduo continua a prática de corrida, mesmo quando se apresenta doente, lesionado ou com qualquer outra contra-indicação médica, ou a prática de exercícios físicos interfere negativamente nos relacionamentos com o companheiro, familiares, amigos ou no trabalho. Bom, nesse quisito eu tenho que dizer: "Espera lá..." Eu estou aqui, paradinha há 9 dias...não corro, mas também não sou obrigada a fazer cara de simpática...

7) o indivíduo faz dieta alimentar para perda de peso como um meio de melhorar o desempenho. Ah tá bom...Eu aqui com meus 46kg (peso pena ou se preferirem peso barbie) e vou pensar em fazer dieta...ahã...

Bom, eu ainda continuo me achando compulsiva, mas acho isso subjetivo...rs...

Dando uma bizoiada daqui e outra acolá, achei uma pesquisa bem interessante. A pesquisa foi realizada em uma amostra de critério e conveniência composta por 59 maratonistas de ambos os sexos. Após assinarem um consentimento de participação do qual constavam os objetivos da pesquisa, era solicitado aos atletas que preenchessem o questionário e o entregassem ao coordenador do estudo, sendo garantido total sigilo de suas respostas. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Unifesp.

RESULTADO:

A maioria da amostra (51%) apresentava nível superior completo de escolaridade, independentemente do sexo analisado e trabalhava e/ou estudava.

A tabela 2 apresenta as características da amostra de acordo com a freqüência semanal e tempo (horas diárias dedicadas à prática de corrida e anos de prática). Observa-se que a maioria dos atletas (52%) relatou no mínimo dois anos ininterruptos de prática de corrida. Nota-se também que 28,6% dos maratonistas do sexo masculino relataram de quatro a oito anos de prática de corrida. Cerca de 81% dos entrevistados dedicavam-se de uma a duas horas/dia às suas rotinas de treinos para a corrida. Quanto à freqüência semanal, 32,2% dos atletas relataram correr menos de quatro vezes por semana e, a grande maioria, em freqüência igual ou superior a quatro vezes por semana.


E olha, não tem essa de dizer que homem corre mais, mulher corre menos, aqui é tudo igual. A pontuação média na EDC apresentada pelo total da amostra foi de 5 ± 2,5 (média ± desvio padrão), não houve diferenças estatisticamente significativas na comparação entre os sexos, visto que os homens apresentaram pontuação média de 5,0 ± 2,6 pontos, enquanto que nas mulheres a média foi de 5,4 ± 2,0 pontos...ou seja, é tudo louco mesmo, independente do sexo....

Na tabela 3 são apresentadas as médias obtidas na EDC dos homens da amostra brasileira que relataram mais de quatro anos de corrida e as da amostra relatada por Hailey e Bailey (1982). Não houve diferenças estatisticamente significativas entre as médias obtidas na EDC pelos homens do estudo original e pelos da presente amostra (p <>

A correlação entre a pontuação total da EDC e cada uma das 23 questões revelou que 10 apresentaram níveis significativos de correlação, sendo mais sensíveis as respostas positivas às seguintes afirmativas: "Sinto que me falta algo quando não corro" (r = 0,61); "A corrida tem influenciado meu estilo de vida" (r = 0,58) e "Experimento grande prazer quando corro" (r = 0,56) (tabela 4).





Tá, tudo bem, e o que ficou constatado afinal de contas? Detectaram uma relação entre a média de pontos obtidos na escala de dependência e a quantidade de anos de prática regular de corrida. Elas observaram que corredores com menos de um ano de prática de corrida apresentavam menor pontuação total na escala de dependência de corrida do que aqueles com tempo de prática superior... Dá, mas que coisa, que grande descoberta. Eu explicaria fácil...antes de correr 100m...rs...è claro, quem começa a correr, ainda não obteve grandes resultados, não experiementou um pódio, não conheceu "gente psicopata", então é claro, que com o passar dos anos isso acaba acontecendo e influi diretamente na dependência da corrida. Mais uma vez, devo dizer..."Dããã...

No estudo, grande parte da amostra relatou praticar corrida por período não superior a dois anos, impossibilitando o estudo da relação entre tempo de envolvimento com a prática de corrida e intensidade de dependência. No entanto, foi observado valores médios de dependência de corrida discretamente maiores nos indivíduos que relataram estar envolvidos por período superior a quatro anos com a prática de corrida. Esses dados estão de acordo com outros estudos, como de Pierce , que demonstraram que atletas participantes de corridas de longas distâncias, que exigiam vários anos de dedicação, tais como maratona e ultramaratona, apresentavam maiores escores para dependência de corrida do que os participantes de provas com menores distâncias percorridas. Ah, não vou repetir o que eu disse acima...mas o dãããã, vai de novo....

Em relação à sensibilidade do questionário, pudemos observar que as questões mais sensíveis foram aquelas que se referem a percepção subjetiva do "compromisso" com a prática de corrida e, principalmente, com um possível sintoma de abstinência da prática de corrida.

A maior sensibilidade da questão "Sinto que me falta algo quando não corro" encontrada em nosso estudo corrobora estudos que consideram os sintomas de abstinência uma das principais características da dependência de exercício.

Uma limitação deste estudo é o reduzido tamanho da amostra, fazendo-se necessária sua ampliação para estudar mais profundamente a questão. Entretanto, esses dados são sugestivos da existência da dependência de exercício.

Na boa, essa pesquisa foi retirada da revista Brasileira de Medicina do esporte e ao meu ver, não precisavam de estudos e mais estudos sobre isso. Somos compulsivos mesmo e ponto final. Sou psicopata mesmo e ponto final. Sou doida, fico irritada, ansiosa e todas essas coisinhas aí em cima também sou e fico...mas e daí, o que muda isso em minha vida???? Meu vício é correr e vou morrer com esse vício. Espero conseguir viciar o máximo de pessoas possíveis até completar meus 90 anos com rostinho de 89. Espero chegar até lá totalmente apaixonada pela corrida... o que não é nada difícil. Difícil mesmo é entender o por quê dessas pesquisas...

VAI SABER.........

ps.: Amanhã, só de raiva, termina meu jejum nas corridas. Voltarei, aos poucos (prometo tentar, juro, sem cruzar os dedos), e aí, a psicopata vai rodar quilômetro e mais quilômetro voando baixo..rs... Compulsiva ou não, o negócio é correr, correr, sem saber pra onde, sem saber o por quê...rs....

Um comentário:

Mayumi disse...

Oi, Luciane:
Obrigada pela visita ao meu blog! Vou adicionar o seu lá também!
Quanto á dependência de "corrida", realmente, sou bastante disciplinada, mas confesso que nunca gostei de correr! Rsrsrs. Agora é que viviei e não consigo parar... Bons treinos!