quinta-feira, 29 de maio de 2008

Medalhista recorre a tratamento alternativo por vaga no 4x100m Marta Teixeira

Aos 35 anos, o velocista brasileiro André Domingos sonha em representar o Brasil em mais uma Olimpíada, a quarta de sua carreira. Medalhista de prata nos Jogos de Sydney-2000 e bronze em Atlanta-96 com o revezamento 4x100m livre, André recorreu a um tratamento alternativo com o uso de plaquetas para se recuperar de uma lesão no tendão do pé esquerdo e ficar no páreo da busca de índice.
Usamos plaquetas do meu próprio sangue para regenerar mais rápido que na fisioterapia normal”, explica animado. “Em duas semanas já estou zerado e com as fibras reorganizadas”.
A lesão ocorreu no Grande Prêmio de Uberlândia, no início de maio. “No meio da curva senti como se tivesse sido atingido por uma pedra”, lembra. O tratamento custou R$ 4 mil por aplicação, investimento bancado pelo Grupo Rede, que defende atualmente.
Recuperado, o velocista se prepara para brigar por uma vaga na equipe de revezamento apontada por ele e pelo ex-
atleta e também medalhista olímpico Claudinei Quirino como a melhor que já representou o Brasil em Olimpíadas. “Tenho de ser racional. Não tenho pretensão do índice individual, mas quero sim estar no revezamento porque temos muitas chances de nos sairmos bem. Este grupo é mais forte que o pódio de Sydney”, garante. “É uma equipe nova e com muita vontade”.
O técnico Jayme Netto, responsável pelos velocistas, concorda. Para ele, tanto a equipe masculina quanto a feminina estarão na China onde competirão os 16 países com as médias mais altas em seus dois melhores resultados obtidos no período de janeiro de 2007 até 16 de julho de 2008.
Este ano, o Brasil ocupa a 15ª posição entre os homens empatado com o Japão com 38s94. À frente estão cinco equipes norte-americanas. No feminino, as brasileiras aparecem 18ª colocação, com 43s36, atrás apenas de equipes norte-americanas (15) e jamaicanas (2).
O masculino dificilmente fica fora dos cinco melhores. Já o feminino ainda pode melhorar”, avalia Netto. Apesar de o grupo final ainda não estar fechado, os objetivos em Pequim já estão definidos.
Temos uma meta de performance. O primeiro objetivo é chegar à final e aí vamos tentar correr o recorde sul-americano”, explica o técnico, para quem a briga por um lugar no
time será acirrada. “Hoje, temos um grupo muito equilibrado com Vicente (Lenílson), Zé Carlos (Gomes Moreira, o Codó) e Sandro (Viana) um pouco à frente. Dificilmente, eles perdem a vaga”.
A briga, que inclui ainda Bruno Lins, Jorge Célio Sena, Nilson André, Basílio de Moraes, Cláudio Roberto de Souza e o próprio André, pode ser definida a 3.200m ou 2.700m acima do nível do
mar, onde estão as cidades bolivianas de La Paz e Cochabamba. Na capital, os velocistas disputam nesta quinta-feira o Torneo Mario Paz, competindo sábado no Torneo Julia Iriarte, em Cochabamba, para melhorar suas marcas. Terror dos esportes de resistência, a altitude torna-se um trunfo para o esquadrão da velocidade.
“Cochabamba vai decidir porque a altitude ajuda muito e todo mundo está esperançoso. Qualquer um que fizer o índice A lá decide o Brasil”, aposta Quirino. Atualmente, apenas Sandro, Lenílson e Codó têm a marca principal. Na verdade, o manauara Sandro registrou o índice A duas vezes, uma em 2007 e outra este ano. Lenílson e Codó têm o A do ano passado e fizeram o B em 2008.
O grupo está evoluindo bastante”, elogia Quirino, que não descarta completamente a possibilidade de uma marca continental na China. “O recorde não é tão fácil, mas também não é impossível. Estou muito confiante neste time”.
Para o veterano André Domingos, a equipe só precisa encontrar o ajuste perfeito para fazer bonito na pista do Ninho de Pássaro. “Só vamos vencer unidos”, diz, chamando para si e Lenílson a responsabilidade. “Temos de passar experiência para os mais jovens, para não se deslumbrarem com a Olimpíada e permanecerem concentrados. Vamos trabalhar bastante a cabeça destes meninos”, promete, sem medo da concorrência contra os Estados Unidos. “Os Estados Unidos são mais velozes, mas têm uma passagem (do bastão) de merda (sic). Nossa passagem é a melhor do mundo”, argumenta.
Ponto forte do revezamento nacional, a passagem já foi vilã no Mundial de Edmonton-2001 porque o bastão acabou no chão. Problema que foi exaustivamente combatido para Atenas-2004 e que nunca mais se repetiu.
Individual - Se as perspectivas são bastante otimistas com os revezamentos, nas provas individuais masculinas o técnico Netto prefere ser mais comedido. “Individualmente, Vicente e Zé Carlos têm chances (de final) nos 100m e Sandro, nos 200m”.
Para ficar entre os oito melhores do mundo, Lenílson e Codó precisariam correr na casa de 10s05 ou 10s10. “E eles podem fazer isto”, acredita o treinador.
A briga por medalhas é mais complicada. “As chances de medalhas estão com aqueles que correrem nos 9s90”, reconhece. “Mas a gente tem de sonhar e acreditar nisso (na possibilidade de surpreender)”.
Este ano, três atletas apenas correram abaixo dos 10s: Usain Bolt, da Jamaica, Richard Thompson, de Trinidad e Tobago, e Travis Padgett, dos Estados Unidos. O recordista mundial Asafa Powel teve como melhor marca da temporada 10s04.
Atualmente, Lenílson e Codó têm como melhor tempo, respectivamente, as marcas de 10s14 e 10s16, obtidas no ano passado. Lenílson na altitude de La Paz e Codó, em Cochabamba.
Sandro correu os 200m em 20s43, também em Cochabamba no ano passado. Mas há uma semana, no GP São Paulo, fez o nono melhor tempo de 2008, marcando 20s32.

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