segunda-feira, 2 de junho de 2008


Ex-recordista mundial, Ronaldo da Costa acredita em pódio para o Brasil


Para o ex-maratonista Ronaldo da Costa, o brasileiro Marilson Gomes dos Santos é um candidato real ao pódio da prova nos Jogos Olímpicos de Pequim, em agosto. Apesar da falta de foco que identifica no trabalho com a distância no país, ele acredita que o talento nacional pode voltar a surpreender nas Olimpíadas.
Dono da melhor marca nacional na distância (2h08min37), Marilson será um dos três representantes nacionais na China. Os outros são o atual campeão dos
Jogos Pan-americanos Franck Caldeira e o ex-campeão da Maratona de São Paulo José Teles de Sousa.
Marilson é fora de série como
atleta e ser humano”, elogia Ronaldo. “Nas Olimpíadas vou estar torcendo. Ele tem 98% de chance de medalha”, aposta, apesar da força da concorrência. “Os africanos, etíopes e quenianos, são diferenciados do resto do mundo".
Se a previsão do ex-maratonista se concretizar o Brasil conquistará sua segunda medalha na prova. Nos Jogos de Atenas-2004, o veterano Vanderlei Cordeiro de Lima surpreendeu o mundo liderando boa parte do percurso. Mas, atacado por um ex-padre irlandês, ele terminou com o bronze. Uma lesão nesta temporada impediu que disputasse as provas programadas e conseguisse o índice para sua quarta olimpíada.
Uma carreira fenomenal - O mineiro Ronaldo começou a correr tarde, com quase 20 anos. Em pouco tempo, conquistou duas medalhas de bronze em Mundiais de Meia Maratona: por equipe em Tyneside-92 e no individual em Oslo-94. Neste mesmo ano, venceu a Corrida Internacional de São Silvestre e na temporada seguinte foi bronze nos 10.000m dos Jogos Pan-americanos de Mar del Plata.
O recorde mundial foi conquistado em 20 de setembro de 1998, durante a disputa da Maratona de Berlim. O brasileiro fechou a prova em 2h06min05, 45 segundos abaixo do recorde anterior, que pertencia ao etíope Belayneh Dinsamo.
”Tínhamos uma geração muito boa. Eu, o Luiz Antonio (dos Santos, que também foi bronze em Tyneside) e o próprio Vanderlei, que ainda está correndo”. Em comparação com hoje, Ronaldo acredita que Marilson está um nível acima dos concorrentes. “Ele é disparado o melhor do continente”, garante.
A mudança de cenário, explica, é resultado da dispersão de interesses. Por não haver um projeto específico para a distância, talentos acabam sendo desperdiçados.
Falta um trabalho estruturado, centrar mais. É diferente do que o europeu faz. Temos talentos, mas não estamos centrados. Não estou desmerecendo ninguém, mas hoje tem muita corrida dividindo as atenções. Virou um negócio”.
Depois de passar 4 anos afastado do esporte, Ronaldo fez as pazes com a grande paixão de sua vida e voltou a se envolver com o tema. Escolhido para ser padrinho do Mundial de Meia-maratona, que será realizado no segundo semestre no Rio de Janeiro, há 3 meses também participa de um programa social, em Betim (MG), chamado Projeto Cidadão. “Tinha futebol, lutas e agora vai entrar atletismo e eu vou fazer parte. Não é para formar
campeão, mas cidadão de bem. Trabalhar com crianças carentes mesmo, com os excluídos”.
Ao ver sua marca mundial pulverizada 10 anos depois (o recorde atual é 2h04min26, do etíope Haile Gebrselassie), Ronaldo não se abala. “Recorde foi feito para ser batido”, ressalta o ainda hoje detentor da melhor marca sul-americana, satisfeito pelo papel que representou na disseminação do atletismo como opção de esporte e estilo de vida. “Fui um dos responsáveis”.

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