terça-feira, 5 de agosto de 2008



O SISTEMA IMUNOLÓGICO NOS CORREDORES


Ontem fui ao médico levar meu hemograma. Já comentei aqui que sofro de um problema chamado púrpura trombostopênica, que é aquela em que atinge a minha imunidade detonando as plaquetas do corpo. Normalmente um indivíduo normal tem acima de 150 mil plaquetas e no meu caso oscilam entre 70 e 100 mil, motivo pelo qual periodicamente tenho que fazer novos exames.


Eu que corro sofro muito pois a baixa imunidade detona meu corpo. Na quinta e sexta feira passada estava tão mal, uma sensação de farqueza, sem vontade de andar até a cozinha. No sábado, véspera da corrida Rústica dos Morros fiz o meu hemograma para contagem de plaquetas e ontem, infelizmente constatei o que eu já estava prevendo: 51 mil plaquetas. É um nível muito baixo de plaquetas, considerado gravíssimo. Acredito que tenham descido dessa forma devido aos dias de treino no sol que fiz ultimamente. Não posso tomar remédio agora, pois estou amamentando e em contra-partida tenho que faze-las subir imediatamente. O problema é que não posso deixar de treinar agora, pois dia 17 tem campeonato, dia 31 meia maratona e dia 21 corrida das torres... ou seja.. nem pensar em parar!!!!! Por este motivo, resolvi falar um pouquinho sobre a baixa imunidade nos corredores...Vamos lá???
Primeiro vamos a pergunta que interessa a nós corredores:

Treinamento de velocidade suprime seu sistema imunológico fazendo com que você fique doente?
A resposta não é clara. O sistema imunológico é uma combinação complexa de linfócitos, leucócitos, imunoglobinas, eosinofilas, células assassinas naturais, e outras feras; cada qual com seu papel único na proteção de nosso organismo contra doenças. Porém, pesquisa recente da McMaster University, em Ontário no Canadá, levanta alguns pontos interessantes sobre a corrida e o sistema imunológico.
Em um estudo, publicado na edição de Agosto de 1995 da Medicine and Science in Sports and Exercise, Dr. J. Duncan MacDougall e colegas investigaram os efeitos do treinamento no sistema imunológico de corredores de longa distância. Diferente de estudos anteriores, o grupo do Dr. MacDougall examinou os efeitos do aumento da intensidade e/ou volume do treinamento no sistema imunológico, tanto agudos (efeitos imediatos), quanto crônicos (efeitos a longo prazo). Entrei em contato com Dr. MacDougall para saber mais a respeito dos resultados e suas implicações para os corredores.
Nesse estudo, dois grupos de seis corredores cada treinaram por 40 dias divididos em 4 fases de treinamento de 10 dias. O volume e intensidade do treinamento mudava com as fases. O Grupo 1 correu em volume baixo e pouca intensidade durante a primeira fase, seguindo de alto volume e baixa intensidade na segunda fase, baixo volume e pouca intensidade novamente da terceira fase, e volume elevado e alta intensidade na fase final. O Grupo 2 seguiu o mesmo protocolo, porém trocou as fases 2 e 4.
"Baixa intensidade" significava correr a 50-70% do VO2 máximo, enquanto "alta intensidade" envolvia correr repetições de 1.000 metros a 95-100% do VO2 máximo a cada dois dias. "Volume baixo" representava a distância de treinamento típica de cada corredor, enquanto que durante as fases de "volume elevado" os corredores faziam o dobro da quilometragem normal.
MacDougall e colegas descobriram reduções nas taxas de células "ajudantes da imunidade" em relação às células "supressoras da imunidade" tanto no treinamento intenso quanto de volume. Dr. MacDougall conta, "essa taxa é um marcador da função imunológica e sua redução indica uma elevação da susceptibilidade a infecções." O sistema imunológico dos corredores ficou mais enfraquecido pelo aumento da intensidade do treinamento do que pela elevação do volume.
Dr. MacDougall também descobriu que o sistema imunológico dos corredores se adaptava à elevação da intensidade e volume do treinamento durante os 10 dias das fases. Isso sugere que você estará sob maior risco de ficar doente depois da primeira sessão de treino forte, mas seu sistema imunológico se adapta relativamente rápido ao aumento de estresse.

Quanto tempo leva para o seu sistema imunológico se recuperar?
No estudo do Dr. MacDougall, a taxa entre as células ajudantes e supressoras da imunidade dos estudados retornou ao normal no dia seguinte ao treino. Esse estudo não se concentrou em quantas horas o sistema imunológico levou para se recuperar, porém Dr. MacDougall declara, "outros estudos têm descoberto que essa taxa retorna ao normal entre 30-90 minutos depois do exercício físico."
Porém, há evidência que outros elementos do sistema imunológico podem levar mais tempo para se recuperarem. Em um estudo recente, conduzido por Dr. David Nieman e colegas na Loma Linda University, o sistema imunológico de 10 maratonistas experientes foi analisado depois de correrem por 3 horas até a exaustão. Esse estudo descobriu alterações em vários tipos de células do sistema imunológico durante a recuperação. Porém, todas essas alterações, exceto uma, retornaram ao normal dentro de 21 horas depois da corrida. Esses resultados sugerem que alterações no sistema imunológico, mesmo depois de 3 horas muito extenuantes de corrida, retornam ao normal em menos de 1 dia.

Quais são as implicações para o seu treinamento?
Os resultados da McMaster University indicam que você não deve elevar bruscamente a intensidade ou volume do seu treinamento porque isso pode sobrecarregar seu sistema imunológico. A subseqüente supressão do sistema imunológico, embora de curto prazo, pode abrir as portas para doenças. Desta forma, você deve tomar mais precauções quando adicionar treinos de velocidade, competições ou quilômetros extras ao seu programa de treinamento.
Jason Kajiura, estudante graduado que trabalhou com Dr. MacDougall e que também treina corredores do Hamilton Olympic Club, acrescenta: "Você está mais susceptível a infecções ao final do treino e nas primeiras duas horas seguintes, então não deve fazer treinamentos intervalados com um parceiro de treinos que esteja doente. Também não saia para tomar umas cervejas depois do treino com ele."

Quais são suas chances de ficar doente?
Um estudo anterior do Dr. Nieman, envolvendo 2 mil corredores que competiram na Maratona de Los Angeles, indicou que nosso sistema imunológico pode de fato ser suprimido o suficiente pela corrida forte a ponto de aumentar o risco de ficarmos doentes. Esse estudo descobriu que corredores que treinaram mais de 96 km por semana tinham o risco duas vezes maior de ficar doente nos 2 meses antes da maratona do que os que correram 32 km por semana.
Esse estudo também comparou as taxas de doenças durante a semana posterior à maratona entre corredores que treinaram para a ela mas não a correram (vamos chamá-los de desistentes) em relação aos que realmente participaram da prova. O resultado foi que 2% dos "desistentes" ficaram doentes na semana seguinte à maratona, enquanto 13% dos que participaram da corrida adoeceram. Isso certamente leva a parecer que treino duro de alta quilometragem, ou correr uma maratona, pode aumentar as chances de ficar doente.
Entretanto, devemos ter cautela ao ler demais as descobertas desses estudos. Dr. E. Randy Eichner, Professor da Medicine at the University of Oklahoma, afirma que fatores fisiológicos geralmente determinam o impacto do exercício sobre o sistema imunológico. Dr Eichner escreveu na The Physician and Sportsmedicine: "Se exercícios melhoram a imunidade ou a suprimam, depende de se eles são uma alegria ou um estresse". Uma atitude positiva em relação à sua corrida pode ajudá-lo a manter-se saudável.
Se o seu sistema imunológico ficará suprimido suficientemente pela corrida forte ou competição a ponto permitir que você fique doente dependerá da idiossincrasias do sistema imunológico individual e seu nível de estresse geral. Porém, os resultados da McMaster University sugerem que estamos sob maior risco imediatamente depois de elevar a intensidade ou volume do treinamento.
Suplementos que podem ajudar:

Equinacea: Estudos mostraram que a equinacea estimula as células protetoras do corpo Equinacea acelera a recuperação de gripes e resfriados através da estimulação do sistema imunológico. Não parece ser eficaz na prevenção da gripe mas sim no tratamento. Para ver mais sobre a equinacea e gripe clique aqui
.
Multivitaminicos: Vários estudos duplo-cego mostraram que suplementos multivitaminicos (compostos de várias vitaminas e minerais) ajudam a fortalecer o sistema imunológico. Isso foi notado especialmente em idosos que tiveram um aumento da imunidade e redução no número de infecções.
Ácidos Graxos Essenciais: Os ácido graxos essenciais desempenham um papel muito importante no corpo humano, principalmente com relação a imunidade. A deficiência de ácidos graxos essências como Óleo de peixe Omega 3 pode levar a um sistema imunológico fraco.
Lactobacilos: Suplementos de probióticos (bactérias amigas) como os Lactobacilos podem ajudar o corpo contra microorganismos maléficos no intestino que causam infecções. Diarréias por infecções foram tratadas com sucesso com lactobacilos em vários estudos duplo-cego.A ingestão regular de lactobacilos pode ajudar a prevenir contra infecções vaginais. De forma geral, lactobacilos estão associados a um aumento do sistema imunológico e aumento da resistência contra infecções.
Vitamina C: A vitamina C estimula o sistema imunológico pela elevação dos níveis de interferon e pelo aumento das atividades de certas células de imunidade. Uma análise de 20 estudos concluiu que a vitamina C reduz significativamente a duração da gripe. Em analises de estudos com pessoas que fazem exercícios físicos pesados, a frequencia de gripes reduziu em média 50% com a suplementação de 600 a 1000 mg por dia.
Ginseng Asiático: O ginseng asiático tem um longo histórico de uso na medicina natural na prevenção e tratamento de condições relacionadas ao sistema imunológico. Estudos mostram que o Ginseng Asiático tem a capacidade de fortalecer o sistema imunológico.
Zinco: Estudos mostraram que suplementos de zinco aumentam a imunidade do corpo. Dietas hoje em dia são deficientes de zinco, especialmente as de idosos. A deficiência de zinco faz com que o sistema imunológico não funcione apropriadamente. Esse efeito pode ser especialmente importante para idosos de acordo com experimentos duplo-cego. Alguns médicos recomendam suplementos de zinco para pessoas com infecções recorrentes, sugerindo 25 mg por dia para adultos e uma menor quantidade para crianças (dependendo do peso corporal).
Whey Protein: A suplementação com Whey Protein tem demonstrado ajudar bastante a seu corpo produzir o glutatione (GsH) , o qual é reconhecido por muitos especialistas como o “agente curador mais poderoso do corpo” e como o “antioxidante mais poderoso do corpo” . O Whey protein contribui para a produção do glutatione em grande parte por ser rico nos aminoácidos cisteina e glutamina, os quais são precursores do glutatione. O uso de suplementos que aumentam a produção do corpo de glutatione, como o Whey protein, tem demonstrado ser mais eficaz do que a suplementação com glutatione puro. Estudos também indicam que a vitamina C age em sinergia com o glutatione para fortalecer o sistema imunológico.

Betacaroteno: O betacaroteno aumentou a atividade e o número de células de imunidade em estudos com humanos e animais. Pesquisas duplo-cego mostraram os efeitos positivos do betacaroteno em aumentar o número de células brancas do sangue.
Glutamina: O aminoácido glutamina é importante para o sistema imunológico. [ Atletas de endurance ou que participam de treinamentos pesados estão suscetíveis a infecções no trato respiratório após exercícios pois estes que fazem os níveis de glutamina no sangue diminuírem. A suplementação com glutamina após o exercício ajuda a diminuir a ocorrência de infecções.
Vitamina E: A vitamina E mostrou possuir atividades de imunidade em estudos com idosos. Esse efeito foi mais evidente com 200 IU por dia.
Chá Verde: Chá verde estimulou a produção de células de imunidade e mostrou propriedades anti-bactericidas em estudos em animais.
Unha de Gato: Pesquisas mostraram que substancias presentes na erva unha de gato estimulam o sistema imunológico. Foram identificadas também atividades anti-inflamatórias e antioxidantes.
Alho: Em um estudo duplo-cego, participantes que tomaram uma cápsula de extrato de alho por 12 semanas tiveram 63% menos gripes e 70% menos dias doentes do que o grupo de pessoas que tomaram placebo.
Noni: Pesquisas em animais e tubos de ensaio mostraram que o Noni possui atividades de melhoram da imunidade.


Ps.: Iria postar hoje as fotos da Rústica dos Morros, mas acabei esquecendo o cabo da máquina casa da mamãe...fica pra amanhã...

2 comentários:

Jorge Cerqueira disse...

Lu voltou com a corda toda hein...
Bom analisando o seu relato...Me desculpa o que eu vou dizer, mais tenho que lhe falar e espero que não fique aborrecida comigo. Bom corridas teremos um montão para correr, mais a sua saúde é uma só mulher então já que ha esse problema cuide-se amiga.
Olha vc viu o que eu falei do Blog Pulso no relato anterior.
Um abraço,
JORGE
www.jmaratona.blogspot.com

Anônimo disse...

Uaaaau, que texto mais completo! Coincidentemente no blog de Nike Corre fizemos um post sobre exames que o cara que vai começar a correr deve fazer. Logo teremos uma continuação, um pouco mais complexa, vou linkar este seu super post!

Passa lá depois pra ver o texto de hoje: http://www.nike10k.com.br/blog/2008/08/06/corrida-os-cuidados-necessarios-antes-da-pratica/

Abs
Rachel Juraski, Nike Blogger